Com o bolso mais apertado e menos confiante na economia, o consumidor
voltou a fazer compras do mês, a se deslocar mais para economizar e a
buscar nas prateleiras dos supermercados mais baratos uma forma de se
proteger da inflação.
Pesquisa da consultoria CVA Solutions com 6.985 consumidores de todo o
país mostra um avanço dos supermercados mais populares e do atacarejo
(que vende em quantidades maiores e a preços menores) na preferência dos
clientes, em detrimento de benefícios como variedade de produtos e da
qualidade no atendimento.
O estudo foi realizado em agosto, quando a inflação acumulada em 12
meses pelo IPCA foi 6,07%. Na ocasião, os consumidores avaliaram 65
redes varejistas de todas as regiões do país.
Foram considerados três itens relacionados a custos (preço, promoções e
facilidade de pagamento) e dez referentes a benefícios (inclui desde
reputação da loja, atendimento, variedade e qualidade de produtos até
tempo na fila, estacionamento e proximidade).
"Os supermercados mais bem avaliados focaram em preço, promoções e
parcelamento. Atacadão e Assaí se destacaram porque a grande referência
deles para o consumidor é o preço", diz Sandro Cimati, sócio da
consultoria CVA Solutions, empresa de pesquisa de mercado.
Entre os supermercados, o Dia e o Walmart também tiveram desempenho
favorável com estratégias de preço baixo, segundo a pesquisa.
Quatro em cada dez entrevistados têm renda familiar na faixa entre R$ 2.035 e R$ 6.780 mensais.
No estudo anterior, as redes regionais (de menor porte e alcance mais
restrito a municípios ou bairros) conseguiram desbancar os gigantes do
varejo ao se destacarem na preferência dos clientes na forma de
atendimento, na qualidade do serviço oferecido e até mesmo no tempo
gasto para se deslocar.
"Os benefícios ganharam mais destaque no passado. Agora, o peso do custo
avançou. O comportamento é de quem quer proteger o poder de compra",
disse Cimati.
Em 2011, os itens relacionados ao custo tinham 60% de peso na decisão de
onde comprar, enquanto os benefícios respondiam pelos 40% restantes.
Neste ano, o custo respondia por 63% da decisão, e os benefícios, 37%.
PEQUENOS LUXOS
Luciana Salazar, 40, dona de um comércio em São Caetano do Sul (ABC
paulista), diz que prefere "dividir" as idas ao supermercado para
equilibrar o orçamento.
"Bebidas, leite e produtos de limpeza prefiro comprar no atacado quando
faço a compra do mês. Nas idas semanais aos supermercados, compro
legumes, frutas e escolho também o que está em promoção", disse.
A falta de variedade nas prateleiras e a menor qualidade do atendimento
do atacarejo são compensadas, segundo a comerciante, com os preços
menores.
Compras pequenas e de última hora, como comida pronta, petiscos e frios são feitas nos supermercados da vizinhança.
Para manter o padrão de consumo e não abrir mão de seus "pequenos
luxos", a professora Ana Maria Silva, 37, diz que prefere economizar
comprando em supermercados "menos badalados".
"Fujo dos que estão dentro de shoppings e em bairros nobres. Mesmo que
tenha de encarar uma fila um pouco maior, compensa economizar para
manter outros luxos, como um chocolate importado ou um vinho de
qualidade."

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