A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, disse nesta quinta-feira
(19), em debate no Senado, que o governo não teria dinheiro para
implementar a proposta de financiamento para a saúde em discussão no
Congresso.
Segundo ela, a proposta discutida pelos parlamentares exige mais
recursos que o previsto neste ano pelo governo para aplicação em todas
as demais áreas.
O tema é discutido atualmente em comissão temporária do Senado. Parecer
do senador Humberto Costa (PT-PE) propõe que, no prazo de seis anos,
sejam aplicados gradativamente em saúde 18,5% da receita corrente
líquida (RCL) da União, somatório de toda a arrecadação tributária sem
transferências constitucionais.
O Movimento Saúde+10 propõe aplicação de 10% da receita bruta (RCB),
que inclui recursos para os fundos de participação dos estados e dos
municípios. O grupo é formado por entidades da sociedade civil e tenta
viabilizar um modelo de financiamento fixo para a saúde.
De acordo com Miriam Belchior, a proposta dos 10% da RCB aumentaria o
financiamento da saúde para R$ 39 bilhões. O valor, segundo ela, é
superior aos R$ 36 bilhões para gastos não obrigatórios deste ano em
todas as demais áreas do governo. “Nem tirando todas as demais políticas
publicas consigo implementar essa proposta”, disse a ministra.
“Além disso, me parece que a receita corrente bruta não é o melhor
indicador para qualquer vinculação de gastos de despesas de qualquer
governo. A RCB contém nela as transferências que o governo faz para
estados e municípios [...]. Ou seja, essa não é uma receita da qual o
governo disponha. Ele arrecada, mas ela é transferida automaticamente
para estados e municípios, por regras constitucionais”, afirmou a
ministra.
Miriam Belchior criticou, ainda, o fato de a proposta estabelecer a
vinculação da RCB do ano corrente. “A gente só sabe a receita total do
ano no dia 1º de janeiro do ano seguinte. Isso [vincular ao ano
corrente] traz dificuldade de gestão ao longo do ano do qual é a efetiva
receita”, declarou.
Em relação á proposta de Humberto Costa para vincular, gradativamente
18,5% da RCL até 2019, a ministra também disse que é de difícil
execução. Pelo parecer do senador, seriam aplicados 13,5% a partir de
2014.
Segundo ela, a proposta do senador geraria gastos de R$ 190 bilhões em
seis anos. “Eu tenho por ano R$ 272 bilhões para todas as áreas [...]. É
um impacto também [a proposta], a despeito da tentativa importante de
tentar jogar no tempo o impacto de um aumento de recursos”, afirmou.

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