A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (16) o texto-base da
proposta conhecida como "minirreforma eleitoral", que altera regras
pontuais referentes a campanhas.
O plenário aprovou destaque do PSOL que retirou do projeto um dos
artigos mais polêmicos, o que permitia doações "indiretas" para campanha
eleitoral por empresas concessionárias de serviços públicos. O texto
principal, aprovado antes do destaque do PSOL, incluia o artigo. O
dispositivo autorizava as doações desde que os concessionários não
fossem os responsáveis diretos pela doação – sócios, acionistas e
empresas terceirizadas das concessionárias, por exemplo, poderiam doar.
Outro destaque aprovado pelo plenário, de autoria do PR, prevê a
possibilidade de parcelamento das multas eleitorais a candidatos e
partidos em até 60 meses.
O texto principal – que entre outros pontos também limita a
fiscalização de gastos pela Justiça Eleitoral – foi aprovado com 222
votos favoráveis, 161 contrários e uma abstenção. Como o parecer do
relator, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
alterou pontos da proposta do Senado, o texto voltará para análise dos
senadores depois que os deputados concluírem a votação dos destaques
(propostas de alteração do texto principal) na próxima semana.
Na interpretação de Eduardo Cunha, as novas regras valerão para a
disputa de 2014, apesar de terem sido aprovadas a menos de um ano do
pleito, marcado para 5 de outubro.
Pela lei, qualquer alteração no "processo eleitoral" precisa ser aprovada 12 meses antes das eleições para ser aplicada. Mas para Cunha, não há alteração no processo eleitoral.
Pela lei, qualquer alteração no "processo eleitoral" precisa ser aprovada 12 meses antes das eleições para ser aplicada. Mas para Cunha, não há alteração no processo eleitoral.
A validade da minirreforma poderá ser contestada no Tribunal Superior
Eleitoral, ao qual caberá decidir, em última instância, se poderá
vigorar no ano que vem.
A proposta gerou divisão entre o PMDB, maior aliado do governo, e o PT. Líder do PMDB, Eduardo Cunha defendeu arduamente a aprovação do projeto. Por sua vez, o líder do PT, José Guimarães (CE), votou contra as alterações na legislação eleitoral e chegou dizer mais cedo nesta quarta que o partido iria "deixar o defunto morrer", em referência ao projeto.
A proposta gerou divisão entre o PMDB, maior aliado do governo, e o PT. Líder do PMDB, Eduardo Cunha defendeu arduamente a aprovação do projeto. Por sua vez, o líder do PT, José Guimarães (CE), votou contra as alterações na legislação eleitoral e chegou dizer mais cedo nesta quarta que o partido iria "deixar o defunto morrer", em referência ao projeto.
A sessão foi encerrada às 23h antes do término da análise de todos os
destaques e emendas à matéria. A votação será retomada na próxima terça
(22). O próprio PMDB, que defende a minirreforma eleitoral, iniciou
obstrução para evitar que uma proposta de alteração fosse aprovada.
O partido não registrou voto quando era analisado destaque de autoria
do PCdoB que retirava do texto veto à veiculação de propaganda
partidária em bens particulares.
Ao perceber que havia risco de a alteração ser aprovada, já que parte das bancadas do PMDB e de outros aliados já havia deixado o plenário, Eduardo Cunha liderou manobra para derrubar a sessão por falta de quórum.
Custos
No plenário, durante a votação, Cunha defendeu que o projeto reduzirá o custo das campanhas eleitorais. O texto fixa teto para gastos com alimentação e aluguel de veículos em campanhas.
No plenário, durante a votação, Cunha defendeu que o projeto reduzirá o custo das campanhas eleitorais. O texto fixa teto para gastos com alimentação e aluguel de veículos em campanhas.
"Não votar essa proposta é deixar muita coisa ruim na legislação e obrigar parlamentares a gastar muito na campanha", disse.
No entanto, o PT se opôs sob o argumento de que o projeto não impõe um limite total para os gastos de campanha.
"Como não há proposta de teto, o que o Congresso está dizendo é que o
candidato pode gastar o quanto quiser", disse o deputado Henrique
Fontana (PT-RS).
Segundo o parlamentar, autor de vários projetos de reforma política, só na campanha de 2010, foram gastos R$ 4,8 bilhões. Sem limite, ele prevê que o gasto alcance R$ 7 bilhões em 2014.
Leia abaixo os principais pontos do projeto aprovado pela Câmara.
Fiscalização da Justiça Eleitoral
A proposta de minirreforma eleitoral também limita a fiscalização das prestações de contas das legendas ao dizer que a atuação da Justiça Eleitoral se destina exclusivamente a “identificar a origem das receitas e a destinação das despesas com as atividades partidárias e eleitorais, mediante exame formal dos documentos contábeis e fiscais apresentados pelos partidos”.
A proposta de minirreforma eleitoral também limita a fiscalização das prestações de contas das legendas ao dizer que a atuação da Justiça Eleitoral se destina exclusivamente a “identificar a origem das receitas e a destinação das despesas com as atividades partidárias e eleitorais, mediante exame formal dos documentos contábeis e fiscais apresentados pelos partidos”.
O texto de Eduardo Cunha veda à Justiça Eleitoral “a análise das
atividades político-partidárias ou qualquer interferência em sua
autonomia”.
Punições por irregularidades
A proposta também reduz possibilidades de punição aos partidos em caso de irregularidades.
A proposta também reduz possibilidades de punição aos partidos em caso de irregularidades.
O projeto diz que a sanção de suspensão do repasse de recursos do Fundo
Partidário não poderá ser executada durante o segundo semestre do ano
que se realizem as eleições. O objetivo do texto é garantir dinheiro às
legendas para o pagamento de campanhas eleitorais.
O texto também autoriza cooperativas e associações sem fins lucrativos a
doarem para campanhas, quando não forem integradas por concessionários
de serviços públicos nem beneficiárias de recursos públicos.
Propaganda
A proposta dá ainda maior liberdade a pré-candidatos em período anterior à campanha eleitoral. O texto diz que não será considerada propaganda antecipada a participação de pré-candidatos em entrevistas, programas, encontros e debates no rádio, na televisão e na internet, “inclusive com a exposição de plataformas e projetos político”.
A proposta dá ainda maior liberdade a pré-candidatos em período anterior à campanha eleitoral. O texto diz que não será considerada propaganda antecipada a participação de pré-candidatos em entrevistas, programas, encontros e debates no rádio, na televisão e na internet, “inclusive com a exposição de plataformas e projetos político”.
A minirreforma veda propaganda eleitoral em outdoors, inclusive
eletrônicos. O texto prevê multa de R$ 5 mil a R$ 15 mil às empresas
responsáveis pela publicidade, partidos, coligações e candidatos.
O texto proíbe a veiculação de propaganda eleitoral em bens
particulares, como fixação de faixas, placas, cartazes, bandeiras,
pinturas, e bonecos.
O projeto torna crime a contratação de pessoas com a “finalidade
específica de emitir mensagens ou comentários na internet para ofender a
honra ou denegris a imagem de candidato, partido ou coligação”. A
punição prevista pelo projeto é de 2 a 4 anos de detenção e multa de R$
15 mil a R$ 50 mil.
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