Flamengo e Vasco entraram em campo neste domingo à tarde no Mané
Garrincha motivados pelas últimas vitórias. O torcedor de Brasília -
37.597 pagantes proporcionaram a renda R$ 2.054.140 - esperava um
Clássico dos Milhões cheio de boas jogadas e emoções. Isso aconteceu
mais no segundo tempo, quando o Vasco, em desvantagem na primeira etapa -
Hernane abrira o placar -, esteve melhor, chegou ao empate com Willie e
ficou mais perto de vencer, apesar da pressão rubro-negra no fim. Mas a
partida, de baixo nível técnico, marcada pela rispidez, muito
paralisada por faltas, ficou no 1 a 1.
É bom lembrar que os dois gols na partida nasceram de erros
individuais. No de Hernane, Cris tentou cortar a bola, que sobrou livre
para Paulinho fazer o centro na medida para o Brocador apenas escorar.
No de Willie, foi a vez de João Paulo falhar ao tentar interceptar o
lançamento de Jhon Cley.
O resultado, ruim para as duas equipes, resume a campanha irregular no
Campeonato Brasileiro. Os rubro-negros se mantêm no 11º lugar, com 34
pontos ganhos, e veem quebrada a série de dois triunfos seguidos. Para
os vascaínos, o 1 a 1 representou a volta à zona de rebaixamento, no 17º
lugar, com 27 pontos. O que faz o clássico contra o Fluminense,
quarta-feira, na Ressacada, em Florianópolis, mais decisivo ainda. No
dia seguinte, o Fla receberá o Inter no Maracanã, em confronto direto
por posições na tabela. O volante Elias acha que a falta de fôlego
prejudicou o desempenho, mas achou o empate bom para o Flamengo.
- As duas equipes cansaram. É difícil jogar, tem um jogo atrás do outro
e não dá tempo de descansar e recuperar. Mas todas as equipes sentem
isso. O Brasileiro é assim, disputado ponto a ponto. Pontuamos com um
concorrente direto, e no total fizemos quatro pontos contra o Vasco.
O volante Pedro Ken, um dos destaques da equipe cruz-maltina, sabe que o
empate não foi bom para o Vasco, mas procurou ver algum lado bom no
duelo em Brasília.
- Acho que no geral a gente fez um bom jogo. No primeiro tempo o
Flamengo foi melhor, e no segundo, a gente foi. Clássico é assim,
sabíamos que ia ser difícil. O bom é que não perdemos, pontuamos. E um
pontinho desse pode fazer falta no fim. Vamos ver pelo lado positivo.
Jogadas ríspidas
O primeiro tempo, no entanto, teve pouca coisa de positivo. O que mais
se viu foi nervosismo e uma rivalidade à flor da pele no Clássico dos
Millhões, ainda que longe do Maracanã. O meio-campo todo brigava pela
bola sem medir esforços, com destaque para Amaral, do lado rubro-negro, e
Pedro Ken, do vascaíno. E é bom abrir dois parênteses nessas trocas de
"gentilezas": o zagueiro Wallace, destaque na vitória do Fla sobre o
Criciúma, poderia ter saído de campo expulso. E não o foi porque o
árbitro não lhe aplicou cartão amarelo quando pôs intencionalmente a mão
na bola no começo da partida. Depois, o ganhou num lance em que deu um
tapa em Fágner quando já tinha vantagem no lance. E o mesmo pode se
dizer de Juninho. O Príncipe - até ele - estava tenso, a ponto de ter
solado o joelho de Paulinho. O amarelo também saiu barato.
Depois que os ânimos serenaram um pouco, não ficou difícil para os
rubro-negros perceberem: a melhor opção de ataque era o lado direito. E
Elias, o homem da clarividência no Fla, lançou Paulinho. O camisa 26 se
aproveitou da falha de Cris ao tentar cortar a bola. Foi à linha de
fundo. O Brocador, livre - aí, com erro de marcação -, só escorou para
as redes, marcando seu 10º gol no Brasileiro.
Dois minutos antes dessa jogada, Paulinho, pela esquerda, já deixara
Hernane em condições de abrir o placar. O camisa 9 batera fraco, nas
mãos de Diogo Silva. Do lado vascaíno, a melhor jogada ficou num quase,
quando Fágner, logo no começo, tentou lançamento no ataque, bem cortado
por um atento Paulo Victor. No mais, tanto Edmilson quanto os jovens
Jhon Cley e Marlone tiveram dificuldades em achar espaços. No Fla,
Chicão comandava bem a defesa, antecipando-se nas jogadas. E se João
Paulo e Léo Moura - completando 450 partidas no clube - falhavam no
apoio, Paulinho e Carlos Eduardo até se movimentavam na frente.
Empate do Vasco
Foi pensando num Vasco mais agressivo que Dorival Junior trocou no
intervalo. Willie e André substituíram Juninho e Edmilson. Os erros na
defesa continuaram, e Jomar, na tentativa de cortar uma bola, quase fez
contra. O zagueiro depois trocou empurrões e tapas com André Santos. As
jogadas ríspidas seguiam, e numa falta Chicão por pouco não ampliou para
o Flamengo.
Mais veloz, foi a vez de o Vasco se aproveitar de uma falha individual.
No caso, foi João Paulo quem não conseguiu interceptar o lançamento de
Jhon Cley para Willie. O garoto disparou e tocou sem defesa, aos 8
minutos, empatando a partida.
A partida continuou truncada, e num lance que Wallace caiu segurando a
bola e pedindo falta, foi a vez de Dorival Junior explodir com o
árbitro. Acabou expulso. O técnico pedia punição ao zagueiro
rubro-negro, já que o árbtrio marcara o lance a favor do Vasco. Os
ânimos estavam exaltados quando Jayme de Almeida trocou o apático Carlos
Eduardo por Luiz Antonio.
Não adiantou muito. O Vasco passou a mandar na partida. Pedro Ken
roubava todas as bolas no meio-campo. Marlone, Jhon Cley e Willie voavam
no ataque. E pelo lado de Léo Moura saíam as melhores jogadas. Numa
delas Yotún desperdiçou por ter tentado bater em vez de cruzar.
Curiosamente, Dorival Junior trocou Jhon Cley, bem na partida, por
Wendel. O Fla, com Rafinha e Gabriel nos lugares de Paulinho e André
Santos, esboçou reação no fim, mas o empate fez mais justiça a um jogo
com pouca inspiração.


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