domingo, 10 de novembro de 2013

Corte Interamericana se instala no Brasil para julgar caso da Colômbia

A Corte Interamericana de Direitos Humanos realiza nesta semana, em Brasília, uma sessão pública para ouvir testemunhas, peritos e envolvidos em um massacre ocorrido na Colômbia em novembro de 1985, há exatos 28 anos.

Na ocasião, um grupo do M-19, organização da esquerda armada que atuou na Colômbia nos anos 1970 e 1980, ocupou o Palácio da Justiça colombiano, em Bogotá, para pedir que o então presidente Belisário Betancur fosse julgado por "crimes contra o povo colombiano". Isso levou o Exército a invadir o local – o episódio terminou com mais de cem mortos.

Os trabalhos da Corte Interamericana no Brasil pela segunda vez na história – a primeira foi em 2006 – terão início nesta segunda (11), quando haverá uma sessão de instalação no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Nos dias 12 e 13, serão realizadas sessões públicas no auditório do Tribunal Superior do Trabalho (TST).

O caso da Colômbia chegou à Corte Interamericana em fevereiro do ano passado depois que um parente de uma das vítimas do massacre questionou a atuação do Estado colombiano e do Exército do país. Há informações de 13 pessoas desaparecidas, que teriam sido executadas, e casos de tortura para tentar ocultar provas do massacre.

Segundo o processo, 35 guerrilheiros do M-19 tomaram no dia 6 de novembro de 1985 o Palácio da Justiça, sede da Corte Suprema de Justiça da Colômbia e do Conselho de Estado, e fizeram como reféns 350 pessoas, entre juízes, ministros da Corte, servidores e visitantes.

O Exército invadiu o local com tanques blindados e bombas matando todos os integrantes do M-19 e vários magistrados e servidores. No processo, o Estado é acusado pela suposta tortura de inocentes como se fossem integrantes do M-19 e pelo desaparecimento dos corpos. Também questiona situações de pessoas que teriam saído vivas do prédio e, posteriormente, apareceram mortas dentro do Palácio da Justiça. Três incêndios foram registrados do palácio, o que eliminou provas, diz a ação.

O processo tenta identificar quais foram os responsáveis pelo massacre e discutir reparação às famílias das vítimas, que vai desde o reconhecimento do erro pelo Estado até pagamento de indenizações ou realização de homenagens.

Militares que atuaram no episódio chegaram a ser condenados na área penal, mas nunca houve um reconhecimento do Estado de responsabilidade no episódio.

O governo boliviano será ouvido e, após os dois dias de sessão pública e audiências, terá mais um mês para responder antes que a Corte Interamericana tome uma decisão sobre se o Estado deve ou não ser punido.

Para o presidente da Corte Interamericana, Diego Garcia-Sayán, será a oportunidade de os brasileiros conhecerem como funciona a Corte Interamericana de Direitos Humanos, que tem sede em San Jose da Costa Rica. Advogados de réus condenados no caso do mensalão cogitam recorrer à Corte.

Um dos sete juízes da corte é o jurista brasileiro Roberto Caldas. O juiz Humberto Antonio Sierra, de origem colombiana, não participará da análise do caso.

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