O corpo do ex-presidente da África do Sul e líder antiapartheid Nelson
Mandela foi enterrado neste domingo (15) em seu vilarejo ancestral de
Qunu, na África do Sul, após dez dias de homenagens e funerais. Mandela morreu no dia 5 de dezembro aos 95 anos, e foi enterrado ao lado dos restos mortais de três de seus filhos.
O enterro foi acompanhado por cerca de 450 convidados – familiares de
Mandela, integrantes da comunidade de Qunu e amigos pessoais e alguns
dignitários.
O presidente sul-dafricano, Jacob Zuma, ficou de pé no momento em que o
caixão foi colocado no túmulo. Helicópteros militares e aviões de
combate sobrevoaram a região e disparos de canhão foram realizados,
antes de uma cerimônia tradicional privada, que não teve a presença da
imprensa.
Antes do enterro, foi realizada uma cerimônia de três horas na qual
amigos, familiares e líderes mundiais fizeram discursos relembrando a
vida e o trabalho de Mandela.
A cerimônia de Estado foi acompanhada por cerca de 4,5 mil pessoas.
Estiveram em Qunu o reverendo americano e ativista dos direitos civis
Jesse Jackson, o magnata britânico Richard Branson, o
ex-primeiro-ministro francês Lionel Jospin, o político norte-irlandês
Gerry Adams, a apresentadora de televisão americana Oprah Winfrey e os
atores Forrest Whitaker e Idris Elba, que interpreta Mandela no cinema,
além do príncipe Charles.
Diversos discursos foram realizados – todos eles com toques pessoais
sobre a personalidade de Mandela e lembranças da vida do líder. "A
melhor lição que nos deixou foi: fazer o bem, e também que dentro de
cada um de nós está a capacidade de fazer o que queremos na vida", disse
Nandi Mandela, uma das netas Mandela.
"Sentiremos saudades de sua voz severa, de quando estava aborrecido,
seu riso, porque tinha um grande senso do humor, e de suas histórias;
era um grande contador de histórias", lembrou.
Zuma expressou seu agradecimento Mandela por ser e representar “o que
toda uma nação necessitava em um momento tão crítico”, na luta contra o
regime racista do Apartheid.
O atual líder, que antes entoou uma canção política sobre a opressão,
assegurou que a África do Sul vai continuar o caminho que Mandela
trilhou aplicando as lições que ainda se extraem de “tão extraordinária
vida”.
As ruas próximas à tenda onde foi realizada a cerimônia – em uma
propriedade da família Mandela – e ao local do enterro foram bloqueadas -
mesmo assim, dezenas de pessoas foram até a região para tentar
participar, em vão.
Ao fim da cerimônia de Estado, o corpo de Mandela seguiu em um cortejo
acompanhado de uma banda militar. A bandeira da África do Sul que
envolvia o caixão foi retirada, e caças da Força Aérea sul-africana
sobrevoaram o local para homenageá-lo.
Na noite anterior ao enterro, o corpo de Mandela ficou sob a guarda de
sua família e dos anciãos de Qunu. Diversos rituais tribais haviam sido
anunciados antes do funeral - incluindo o sacrifício de um boi. Não se
sabe se eles ocorreram antes das cerimônias deste domingo ou durante o
enterro, quando as imagens do local deixaram de ser transmitidas para
preservar a intimidade da família.

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