Pressionado pelo nível acima do esperado da inflação no ano passado, o
Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deverá elevar,
nesta semana, a taxa básica de juros da economia brasileira para acima
dos atuais 10%.
Em 2013, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou alta de
5,91%, acima do esperado e do valor registrado no ano anterior,
frustrando o BC e o objetivo final do governo.
O Copom, responsável por fixar a Selic – atualmente em 10% (maior
patamar desde março de 2012) – faz nesta quarta-feira (15) a segunda
parte da reunião que deve decidir a nova taxa. A decisão será anunciada
após as 18h.
A expectativa do mercado financeiro é de que a taxa avance mais 0,25
ponto percentual, para 10,25% ao ano, segundo Pesquisa Focus da
autoridade monetária divulgada na segunda-feira (13). Alguns
economistas, entretanto, não descartam a possibilidade de manutenção do
ritmo de aperto monetário e nova alta de 0,5 ponto, em razão do
resultado do IPCA de dezembro.
O mercado elevou a estimativa para a inflação em 2014 para 6%. Segundo
os economistas, os riscos de alta vêm principalmente da valorização do
dólar ante o real, por conta das incertezas em relação ao estímulo
monetário dos Estados Unidos, além da robustez do mercado de trabalho
brasileiro.
Para o ano, os agentes do mercado financeiro preveem juros básicos de
10,5%, patamar que, na visão dos economistas das instituições
financeiras pesquisadas pelo BC, deverá ser alcançado já em fevereiro,
com mais um aumento de 0,25 ponto percentual. Para 2015, a perspectiva
da Selic é de 11,5%.
Fatores de pressão inflacionária
Segundo o presidente do BC, Alexandre Tombini, a inflação mostrou resistência "ligeiramente acima" do esperado.
Segundo o presidente do BC, Alexandre Tombini, a inflação mostrou resistência "ligeiramente acima" do esperado.
"Essa resistência da inflação, em grande medida, se deveu à depreciação
cambial ocorrida nos últimos semestres, a custos originados no mercado
de trabalho, além de recentes pressões no setor de transportes",
avaliou.
Segundo economistas, em 2014 haverá uma pressão maior sobre os chamados
"preços administrados" (ônibus interestaduais, energia elétrica, água,
planos de saúde e telefonia, entre outros), visto que em 2013 houve
crescimento menor com a retenção de alguns reajustes – como as tarifas
de ônibus.
A política fiscal, responsável pela condução dos gastos públicos, tem
sido outro fator de pressão. Mesmo que o governo escolha ser mais
zeloso com o dinheiro público neste ano, não sobra espaço para colaborar
com a queda da inflação. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já
anunciou que não haverá novas desonerações em 2014.
Metas de inflação
Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC precisa calibrar os juros para atingir as metas preestabelecidas, tendo por base o IPCA, apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC precisa calibrar os juros para atingir as metas preestabelecidas, tendo por base o IPCA, apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para 2013 e 2014, a meta central de inflação é de 4,5%, com um
intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para
baixo. Desse modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta
seja formalmente descumprida.
Apesar de o sistema de metas de inflação estabelecer uma meta central
de 4,5% para o ano, o presidente do BC tem se comprometido com um novo
recuo em 2014.
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