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Experimento vê ondas gravitacionais, fenômeno previsto por Einstein

Um consórcio internacional de cientistas anunciou nesta quinta-feira (11) a primeira a detecção de ondas gravitacionais, um fenômeno previsto pelo físico Albert Einstein há exatos cem anos, mas que nunca havia sido observado.

"Nós detectamos ondas gravitacionais. Nós conseguimos", afirmou David Reitze, diretor do projeto, em uma entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira (11) em Washington.

O que os pesquisadores do projeto Ligo (Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory) encontraram essencialmente foram "distorções no espaço e no tempo" causadas por um par de objetos com massas enormes interagindo entre si.

Nesse caso específico, os cientistas acreditam que o evento observado seja fruto da interação entre dois enormes buracos negros.

Quando elaborou sua teoria da Relatividade Geral, Einstein postulou que a gravidade é uma força de atração que age distorcendo o espaço e o tempo -- ou o espaço-tempo, que é uma entidade única. Interações gravitacionais muito poderosas e rápidas, afirmava, seriam capazes de produzir ondas, assim como a luz é uma onda proveniente de interação eletromagnética entre dois objetos.

A detecção de ondas gravitacionais, porém, requer aparelhagem capaz de perceber oscilações muito mais sutis do que a luz. O Ligo consiste em dois enormes detectores de cerca de 4 km de extensão em nos estados de Washington e Louisiana, nos EUA, operando conjuntamente.

O custo do projeto foi estimado em US$ 620 milhões. O projeto foi uma iniciativa conjunta do Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia) e do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). Ao longo dos 40 anos que se passaram entre a construção do primeiro detector e a detecção das primeiras ondas gravitacionais, outros centros de pesquisa se juntaram à iniciativa.

O Ligo em si começou a operar em 2002, depois de outros experimentos iniciais, e sua sensibilidade vem sendo aprimorada desde então. Só com um aprimoramento maior realizado no ano passado, porém, foi possível detectar um primeiro evento.

A colisão de buracos negros registrada pelo projeto foi detectada em 14 de setembro. Cada um dos dois objetos pesava cerca de 30 vezes a massa do Sol, e o fenômeno ocorreu a 1,3 bilhão de anos-luz.

No Brasil, físicos do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e do IFT-Unesp (Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista) participaram do projeto.

Físico Rainer Weiss estica tela para ilustrar como ondas gravitacionais distorcem o espaço (Foto: NSF)
Nobel à vista
A magnitude do projeto e a importância das ondas gravitacionais para a copreensão atual da física sobre a natureza do espaço são fatores que devem pesar na concessão de um prêmio Nobel aos físicos que elaboraram o experimento.

Entre os nomes a serem apontado provavelmente estão Kip Thorne, do Caltech, e Rayner Weiss, do MIT, idealizadores da tecnologia por trás do usada no experimento.
Weiss esteve presente na entrevista coletiva explicando como conseguiu isolar as oscilações do

"Nós precisávamos de uma precisão de 10 elevado a -18, o que é um milésimo do tamanho do núcleo de um átomo", afirmou. "É como você pegar um metro e dividir por um milhão, três vezes seguidas."

Thorne, do Caltech, também compareceu ao anúncio em Washington, e explicou como foi a colisão de buracos negros que gerou as ondas gravitacionais detectadas pelo Ligo.

"Isso foi como uma tempestade que durou apenas 25 milissegundos, mas muito poderosa", afirmou. "A taxa de energia liberada pelo evento foi 25 vezes maior do que o poder de todas as estrelas do Universo juntas. Como o evento foi muito breve, porém, a força total do evento não foi muito grande, e era equivalente 'apenas' à destruição de três sóis."

O terceiro criador do Ligo, Ronald Drever, do Caltech, não compareceu ao anúncio por problemas de saúde.

G1

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