A Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) explora desde
2010 o cruzamento de dados coletados em redes social, contatos
telefônicos, contas bancárias e de sistemas de GPS (posicionamento
global) para criar perfis de norte-americanos que identifiquem relações
pessoais, localização em determinados períodos e companhias de viagem,
segundo reportagem do jornal “New York Times” publicada neste sábado
(28).
O periódico obteve novos documentos do ex-técnico da CIA Edward Snowden, que desde junho revela informações sobre os programas de ciberespionagem do governo dos Estados Unidos.
Com as informações coletadas, a maior parte metadados (registros de
informações), a NSA conseguiu criar gráficos sofisticados sobre os
cidadãos que eram alvo da investigação.
De acordo com esses documentos, a NSA desenvolveu um programa que busca
por 94 tipos de informações, como números de telefone, endereços de
e-mail e números de IP (espécie de identidade única de acesso à
internet).
Além disso, a agência é capaz de correlacionar 164 tipos de
relacionamento. Com esses cruzamentos, a entidade constrói a rede social
de um indivíduo e as “comunidade de interesse” dele.
O esforço para construir as redes de relacionamento dos alvos começou
em 2010. O plano era auxiliar a agência a descobrir e rastrear conexões
entre alvos fora do país e cidadãos norte-americanos, de acordo com um
memorando da NSA de janeiro de 2011.
Os oficiais da NSA evitaram dizer quantos americanos são alvo desse
esforço de monitoramento ou se há estrangeiros na lista dos alvos.
Os documentos obtidos pelo jornal mostram que uma das principais
ferramentas usadas pela agência para montar a cadeia de números de
telefones e endereços de e-mail de um alvo é o programa chamado Mainway.
O serviço funciona como um repositório de dados para o qual é
direcionada uma vasta quantidade de informação coletada nos cabos de
fibra ótica da NSA, parceiros corporativos e redes de computador
estrangeiras que foram hackeadas.
De acordo com um boletim interno da NSA, o Mainway recebia 700 milhões
de registros telefônicos por dia em 2011. A partir de agosto daquele
ano, o programa passou a receber um volume adicional de 1,1 bilhão de
registros de ligações de celular por dia, fornecido por prestadoras do
serviço pela lei de segurança nacional dos EUA.
No começo de setembro, o Fantástico mostrou
que a presidente Dilma Rousseff e seus principais assessores eram alvo
direto de espionagem da NSA, segundo documentos classificados como
ultrassecretos pela agência (veja os documentos revelados). Também é espionada a comunicação dos assessores entre eles e com terceiros.
O presidente do México, Enrique Peña Nieto, também foi um alvo, segundo
o material. A apresentação secreta, obtida pelo Fantástico, é chamada
de "filtragem inteligente de dados: estudo de caso México e Brasil." O
programa da NSA, diz a apresentação, torna possível encontrar, sempre
que quiser, uma "agulha no palheiro."
O palheiro, no caso, é o volume imenso de dados a que a espionagem
americana tem acesso todos os dias, espionando as redes de telefonia,
internet, servidores de e-mail e redes sociais. A agulha é quem eles
escolherem.
O Fantástico também mostrou que a Petrobras, quarta maior petroleira do mundo, também foi espionada.
Não há informações sobre a extensão da espionagem nem se a agência
americana conseguiu acessar o conteúdo guardado nos computadores da
empresa. Não há também informações a respeito sobre quais documentos a
NSA buscava.
Este tipo de informação é liberada somente ao grupo chamado pelos
americanos de “Five eyes” (cinco olhos, na tradução literal), que se
refere aos cinco países aliados na espionagem: EUA, Inglaterra,
Austrália, Canadá e Nova Zelândia.
O nome da Petrobras aparece em vários slides obtidos pela reportagem.
Além da estatal, estão listados também como alvos da NSA a
infraestrutura do Google, o provedor de e-mails e serviços de internet
da
A suspeita causou desconforto entre as diplomacias de Brasil e EUA,
tanto que a presidente Dilma cancelou a visita de estado planejada para
outubro ao país.
Na última terça-feira (24), no discurso de abertura da 68ª
Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova York, a presidente Dilma
Rousseff afirmou que as ações de espionagem dos Estados Unidos no Brasil “ferem” o direito internacional e “afrontam” os princípios que regem a relação entre os países. Dilma discursou por 23 minutos.
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