O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad
(PT), afirmou nesta sexta-feira (8) que parte dos servidores suspeitos
de atuar na fraude na cobrança do Imposto sobre Serviços (ISS) de
constutoras também teria fraudado o Imposto Predial e Territorial Urbano
(IPTU).
"Há denúncias de mudança cadastral no IPTU, para que a pessoa pague
menos. (Há também) denúncia sobre mudanças dos registros da dívida ativa
para beneficiar devedores", afirmou.
As denúncias de mudança cadastral do IPTU são investigadas pela
Controladoria-Geral do Município (CGM), que também apura a fraude ao ISS
em conjnunto com o Ministério Público.
Questionando se a mesma quadrilha seria responsável também pelas
fraudes ao IPTU e à dívida ativa, Haddad respondeu diz que há indícios
em relação ao IPTU. "Certamente há envolvimento de parte deles. Mas na
dívida ativa não sabemos se há outros órgãos que possam estar
envolvidos", afirmou.
Haddad exaltou o trabalho da Controladoria, que chamou de "um marco na história da cidade" em razão das investigações que vem promovendo, mas disse também "é muito trabalho para pouca gente".
Haddad exaltou o trabalho da Controladoria, que chamou de "um marco na história da cidade" em razão das investigações que vem promovendo, mas disse também "é muito trabalho para pouca gente".
Na administração municipal, a "dívida ativa" é toda aquela acumulada
quando o contribuinte não quita impostos devidos ou taxas. Ela pode ter
origem em tributos ou cobranças de outros tipos, chamadas de
"não-tributárias". Elas incluem pendências envolvendo permissionários
(ambulantes, feirantes e taxistas), concessionários e também "multas de
posturas" (construções irregulares ou infrações de trânsito, por
exemplo).
Convoação: 600 empreendimentos
As empresas responsáveis pelos empreendimentos que foram fiscalizados pelos adutitores investigados por suposta fraude ao ISS foram convocadas para que reapresentem documentos relativos ao recolhimento do imposto.
As empresas responsáveis pelos empreendimentos que foram fiscalizados pelos adutitores investigados por suposta fraude ao ISS foram convocadas para que reapresentem documentos relativos ao recolhimento do imposto.
A Secretaria de Finanças elaborou uma lista de mais de 600
empreendimentos. Uma portaria convoncando as empresas foi editada pela
Prefeitura. Segundo Haddad, aquelas que recolheram o imposto, mas foram
achacadas pela quadrilha para expedição de documento terão um
tratamento. As que não recolheram os impostos terão de recolher agora.
"Quem pagou mal, vai ter que pagar duas vezes", disse.
Entenda como funcionava a fraude
Segundo a investigação da Controladoria Geral do Município (CGM) e do Ministério Público (MP), um grupo de auditores e fiscais fraudava o recolhimento do Imposto sobre Serviços (ISS). Ele é calculado sobre o custo total da obra e é condição para que o empreendedor imobiliário obtenha o “Habite-se”.
Segundo a investigação da Controladoria Geral do Município (CGM) e do Ministério Público (MP), um grupo de auditores e fiscais fraudava o recolhimento do Imposto sobre Serviços (ISS). Ele é calculado sobre o custo total da obra e é condição para que o empreendedor imobiliário obtenha o “Habite-se”.
O foco do desvio na arrecadação de tributos eram prédios residenciais e
comerciais de alto padrão, com custo de construção superior a R$ 50
milhões. Toda a operação, segundo o MP, era comandada por servidores
ligados à subsecretaria da Receita, da Secretaria de Finanças. O grupo
pode ter desviado cerca de R$ 500 milhões da Prefeitura.
Foram detidos na quarta-feira (30) o ex-subsecretário da Receita
Municipal Ronlison Bezerra Rodrigues (exonerado do cargo em 19 de
dezembro de 2012), Eduardo Horle Barcellos, ex-diretor do Departamento
de Arrecadação e Cobrança (exonerado em 21 de janeiro de 2013), Carlos
Di Lallo Leite do Amaral, ex-diretor da Divisão de Cadastro de Imóveis
(exonerado em 05 de fevereiro de 2013) e o agente de fiscalização Luis
Alexandre Cardoso Magalhães. O fiscal Magalhães fez acordo de delação
premiada e foi libertado na segunda-feira (4).
Além dos quatro, são investigados Fábio Camargo Remesso e o auditor
fiscal Amilcar José Cançado Lemos. Apesar da suspeita de envolvimento,
nenhum dos dois foi detido. Remesso foi exonerado no sábado (2) . Ele
era assessor da Coordenação de Articulação Política e Social, da
Secretaria Municipal de Relações Governamentais. Já Lemos foi afastado e
deve ser exonerado na terça-feira (5).
Além do processo criminal, todos investigados serão alvos de processo
administrativo disciplinar. Uma comissão processante avalia se devem ser
demitidos.
A Justiça determinou o bloqueio dos bens dos quatro suspeitos detidos
inicialmente. Já foram localizados uma pousada de luxo em Visconde de
Mauá, apartamento de alto padrão em Juiz de Fora (MG), barcos,
automóveis de luxo. Há ainda indícios de contas ilegais em Nova York e
Miami, além de imóveis em Londres.

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