Era um Fla-Flu. O último clássico carioca do ano. Os dois times ainda
brigando contra o risco do rebaixamento. Tudo bem que entraram
desfalcados. Mesmo assim, os mais de 32 mil torcedores que foram ao
Maracanã mereciam partida melhor que a deste domingo. Passes errados,
bola batendo na canela... Tudo indicava um empate por 0 a 0, com as duas
torcidas ainda preocupadas. Mas era um Fla-Flu. Algo inusitado podia
acontecer, e no fim. Entre tantas jogadas erradas, o Flamengo acertou
uma, aos 44. Pior: os torcedores saíram do estádio pensando que o gol
foi de Hernane - o próprio Brocador saiu comemorando e assumindo a
autoria do gol. Num centro de Rafinha, Gum deu o carrinho tocando na
bola. O atacante rubro-negro garantiu ter resvalado depois, antes de ir
para o fundo da rede. Mas na súmula o árbitro Leandro Vuarden deu gol
contra do zagueiro tricolor.
- A bola ainda relou em mim e entrou. Como já falei, aqui no Maracanã
me sinto em casa. Foi uma vitória muito importante, o Flamengo precisava
disso, para sair de vez dessa zona de perigo. Demos uma aliviada e
quarta temos um jogo difícil, a equipe do Goiás é muito boa - havia
garantido o Brocador, que perdera gol feito no começo da segunda etapa.
Foi o terceiro Fla-Flu vencido pelos rubro-negros na temporada. E com
um gosto de alívio. Com o resultado, o time chegou a 44 pontos ganhos e
ocupa o 10º lugar. Está, para os matemáticos de plantão, a três pontos
de fugir de vez da degola. A situação do Fluminense ficou mais crítica:
está em 16º, com 36, mesma pontuação do Vasco, o primeiro do Z-4, mas o
técnico Vanderlei Luxemburgo será mantido. Tanto o treinador como o
presidente Peter Siemsen garantiram que nada muda no clube.
- Não houve conversa nenhuma, todos estamos chateados. Eu não vou sair,
da minha parte não saio, vou até o final e trabalhar muito para sairmos
dessa confusão. Não sou homem de chegar e ir embora, vou arregaçar as
mangas e continuar o meu trabalho - disse Luxa.
Na 33ª rodada, o Rubro-Negro receberá no sábado, logo após o jogo
decisivo na quarta-feira pelas semifinais da Copa do Brasil, o mesmo
Goiás. Serão dois jogos seguidos contra o Esmeraldino. Depois,
enfrentará fora de casa São Paulo e Grêmio. Na volta ao Rio, pegará o
Corinthians. Depois sai para jogar contra o Vitória em Salvador e se
despede da competição contra o Cruzeiro, no Maracanã.
No próximo domingo o Fluminense, que este ano não venceu um clássico
carioca, enfrentará o Corinthians em São Paulo. Depois receberá o
Náutico e o São Paulo, volta a sair para jogar contra o Santos, pega o
Atlético-MG no Rio e o Bahia em Salvador.
Flu melhor no primeiro tempo
Dava para perceber de cara as jogadas que os dois times explorariam.
Muito parecidas, por sinal. Sempre buscando a velocidade era a
palavra-chave. Do lado tricolor, Biro-Biro, que caía pela direita para
se aproveitar da lentidão e pouco intimidade de Frauches com a lateral
esquerda - o zagueiro jogou improvisado na posição. Do lado rubro-negro,
a ordem era explorar o veloz Rafinha. E nesse ponto, a jogada tricolor
era mais eficiente. Ali, pela direita, o Flu fez três lances seguidos
com perigo, os dois primeiros com Biro-Biro. Na primeira bateu fraco,
para defesa de Paulo Victor. Na segunda, a bola desviou na zaga. E na
terceira e quarta, foi Jean quem mandou com perigo - a última obrigou o
goleiro à melhor defesa, em dois tempos.
No caso do Flamengo, Rafinha não soube aproveitar o bom espaço e a
também improvisação de Anderson na lateral esquerda tricolor. Carlos
Eduardo e Gabriel não conseguiam dar velocidade com qualidade às
jogadas. Luiz Antonio, quando subia, era mais eficiente que os dois na
armação. Mas foi pelo lado direitoi a melhor jogada rubro-negra, quando
Digão recuperou uma bola e centrou para Hernane, perto do gol, tocar
para as redes... do lado de fora.
Antes, o Brocador já tinha tentado, de cabeça, abrir o placar, mas a
bola saiu mascada com o zagueiro. No mais, apesar de não ter Carlinhos
para apoiar pela esquerda e contar com um meio-campo bem burocrático com
Edinho, Diguinho e Jean, a superioridade na primeira etapa foi do
Tricolor, que tinha em Rafael Sobis o diferencial para chegar à vitória.
E surgiu dos pés do camisa 23, inclusive, a melhor jogada, um míssil
que paralisou Paulo Victor aos 40. E se essa bola não entrou, não havia
mais o que fazer dos dois lados. Era esperar uma brecha no segundo
tempo.
Gol rubro-negro no fim
O segundo tempo começou com cara diferente do primeiro. Rafinha,
finalmente, acertou uma jogada pela direita. Centrou com o pé esquerdo
no segundo pau. E Hernane perdeu até então o gol mais feito da partida,
aos 3 minutos, ao escorar para fora. Poucos minutos depois, Vanderlei
Luxemburgo trocou o apagadíssimo Bruno por Rafinha.
A partida caiu assustadoramente. O técnico Jayme de Almeida sacou
Gabriel para pôr Bruninho. Vanderlei trocou Samuel por Marcelinho, que
chegou do mundo árabe. Depois, tirou Diguinho para lançar Igor Julião...
Os dois times trocavam passes com muitos erros. Por várias vezes a bola
bateu na canela, como numa jogada com Digão pela lateral.
O Fluminense teve três momentos de perigo. Primeiro numa bola que Igor
Julião recuperou pouco antes de sair e centrou para Marcelinho chegar
décimos de segundo atrasado. Depois foi um chute de Rafinha que bateu na
rede pelo lado de fora - alguns tricolores chegaram a comemorar. E
depois, numa jogada de escanteio, Leandro Euzébio, colado no segundo
pau, não conseguiu alcançar a bola.
Bruninho e Adryan entraram, a partida ficou lá e cá, e num centro de
Rafinha, aos 44, Gum deu o carrinho e fez contra. Hernane comemorou como
se fosse dele. Mas, para a torcida rubro-negra, que já cantava bastante
na partida ainda com o 0 a 0, pouco importa o autor. Além de ter ido à
loucura, começou a provocar o adversário com gritos de "ão, ão,
ão...segunda divisão". Alívio rubro-negro, desespero tricolor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário