Com um total de 1.073 ações em 267 municípios, a Bahia lidera no país o
número de ações por improbidade administrativa em tramitação,
apresentadas pelo Ministério Público Federal (MPF-BA) contra políticos e
gestores públicos. Somadas às 215 ações de improbidade propostas pelo
Ministério Público Estadual (MP-BA), o estado tem 1.288 processos.
Os dados foram recolhidos por A TARDE nos mapas da improbidade alimentados pelos órgãos de controle. O quadro, porém, é ainda mais abrangente, de acordo com o promotor de Justiça Valmiro Macedo, que trabalhou no mapa do MP-BA. O total de processos, incluindo os julgados, estava em 838 até a última sexta-feira, 24.
Os dados foram recolhidos por A TARDE nos mapas da improbidade alimentados pelos órgãos de controle. O quadro, porém, é ainda mais abrangente, de acordo com o promotor de Justiça Valmiro Macedo, que trabalhou no mapa do MP-BA. O total de processos, incluindo os julgados, estava em 838 até a última sexta-feira, 24.
O ato de improbidade, previsto na Lei nº 8429/92, é descrito como o
ilícito cometido por agente público "em desrespeito às regras inerentes
ao trato da coisa pública, podendo causar enriquecimento ilícito,
prejuízo ao erário e/ou ofensa aos princípios da administração pública"
Casos mais comuns
A procuradora da República Melina Flores lembra que a Bahia também
ocupa o posto de estado no qual foram ajuizadas mais ações em 2013. Para
explicar a liderança, ela cita dois fatores: a necessidade de não
permitir a prescrição dos casos e o volume de recursos federais
recebidos.
"Houve um esforço dos procuradores em ajuizar ações relativas a
mandatos que se encerravam em 2008, porque precisamos propor as ações
até cinco anos após o mandato, devido ao risco de prescrição. O outro
fator é que a Bahia ainda é um estado muito pobre. Por isso, os
municípios recebem muitos recursos federais", afirma.
Ao falar sobre o ritmo de julgamento dos processos, a procuradora evita
atacar o Judiciário. Ela destaca o estabelecimento de metas pelo
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mas reconhece que ainda há muito a
melhorar.
"O Judiciário tem se preocupado em acelerar o ritmo, mas precisamos
avançar muito", afirma. De acordo com ela, os casos mais frequentes de
improbidade estão relacionados a desvios de recursos públicos federais
destinados à saúde e educação, principalmente do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).
Com atuação na região de Irecê, o procurador da República Samir Nachef
acrescenta à lista de irregularidades mais cometidas a não prestação de
contas de recursos federais recebidos e o fracionamento de licitação.
Gentio do Ouro
Segundo ele, ambas foram praticadas pelo ex-prefeito de Gentio do Ouro,
José Henrique Queiroz, alvo de seis ações de improbidade. Em alguns dos
casos, o atual prefeito, Ivonilton Vieira, também é citado. "Ele foi o
campeão de ações da minha parte: praticamente cometeu todos os exemplos
de atos que a Lei de Improbidade Administrativa prevê", aponta.
Conforme Nachef, o ex-gestor realizou saques da conta da prefeitura sem
identificar o destino, apresentou cheques sem fundo, fracionou e
direcionou licitação, usou notas fiscais falsas, comprou carro
superfaturado e deixou alunos sem merenda escolar.
Além disso, contratou até estudantes de Medicina para dar plantão e os
pagou como se fossem médicos. O procurador diz que o prejuízo causado
pelas ações é de R$ 1,3 milhão.
O fracionamento de licitação consiste em adquirir bens ou serviços
mensalmente, e não por um período mais longo. "Ao invés de fazerem um
contrato anual para fornecimento de merenda, eles compram mês a mês,
porque o valor é baixo e não se atinge o limite mínimo para haver
licitação. Aí já se sabe quem será contratado: os financiadores de
campanha", enumera Nachef.
ESTADOS COM MAIOR NÚMEROS DE PROCESSO POR IMPROBIDADE
1º BAHIA: 1073
2º MARANHÃO: 775
3º PARÁ: 716
4º MINAS GERAIS: 622
5º PARAÍBA: 524
Nenhum comentário:
Postar um comentário