O governo interino do Egito renunciou nesta segunda-feira (24), segundo o premiê interino.
"Hoje o gabinete tomou a decisão de oferecer sua renúncia ao presidente
da república", disse o premiê Hazem el-Beblawi na TV. Ele não esclareceu as razões da renúncia.
O presidente Adly Mansour pediu que Beblawi fique no poder até que um novo primeiro-ministro seja apontado.
O governo atual havia assumido após a derrubada, em 3 de julho de 2013, do presidente islamita Mohamed Morsi pelos militares, que prometeram devolver o país à democracia.
O golpe jogou o país em uma violenta crise política, com a repressão
dos islamitas aliados de Morsi em confrontos de rua que deixaram
centenas de mortos.
O anúncio da renúncia foi feito no momento em que devem ser convocadas
eleições presidenciais, no mais tardar para meados de abril.
O comandante do exército, o marechal Abdel Fatah al-Sisi, ministro da
Defensa e vice-premiê do governo de Beblawi, não esconde a intenção de
ser candidato, mas para que possa ser eleito precisa renunciar ao
governo e deixar o exército ou passar à reserva.
O marechal Sisi, muito popular entre os egípcios, tem boas chances de vencer a disputa.
O único candidato declarado até o momento, o líder a esquerda Hamdeen
Sabbahi, afirmou à France Presse que teme um retorno a um poder
autoritário, enquanto a repressão que já fez mais de 1.400 mortos,
segundo a Anistia Internacional, e milhares de prisões entre os
islâmicos, também tem atingido os jovens militantes progressistas.
O porta-voz do governo Hani Salah disse à AFP que a renúncia foi
motivada pelo "sentido da necessidade de sangue novo" no governo.
"O Egito está avançando, esta decisão não terá impacto sobre as
relações externas e a estabilidade interna", prometeu, acrescentando que
ainda não havia sido determinado quais ministros serão mantidos.
A equipe que renunciou anunciou dois pacotes de estímulo econômico
financiados pelo Golfo, mas que enfrenta fortes críticas, mesmo entre os
partidários do marechal Sisi que veem este governo como incapaz.
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