O médico Arthur Chioro, que tomará posse na próxima semana do
Ministério da Saúde, deixou nesta sexta-feira (31) o posto de secretário
de Saúde de São Bernardo do Campo, no ABC, afirmando ser o dia mais
"triste" e mais "feliz" da sua vida.
"É vontade de ficar e de partir. Falei com a minha esposa que hoje é o
dia mais triste e mais feliz da minha vida", disse. Ele evitou falar
sobre o futuro cargo e disse que falará como ministro a partir de
segunda-feira (3).
Estavam presentes o atual ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que deixará o ministério para disputar o governo de São Paulo,
e o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho. O evento durou três horas e
teve ainda a presença de vários militantes do PT e deputados estaduais e
federais. Chioro ainda acompanhou Padilha e Marinho em uma visita às
novas instalações da Central de Regulação Médica do SAMU, no Centro da
cidade.
Médico e pesquisador especializado em saúde coletiva, Chioro vai
conduzir um dos programas tidos como carro-chefe do governo Dilma, o
Mais Médicos. Ele acaba de retornar de uma viagem com a presidente a
Cuba, onde o governo agradeceu pela transferência de profissionais.
A opção da presidente por Chioro foi publicamente conhecida na semana
passada, quando ele teve uma reunião na manhã de terça-feira (21) com a
presidente e almoçou depois com Padilha.
A indicação de seu nome, no entanto, gerou polêmica porque Chioro é
investigado pelo Ministério Público de São Paulo por ter uma firma de
consultoria em saúde que presta serviços a prefeituras paulistas,
segundo o MP. Isso vai contra a legislação vigente no município de São
Paulo. Segundo o secretário, acumular a participação na empresa Consaúde
Consultoria com o cargo público em São Bernardo não feria a legislação
municipal.
Apesar disso, Chioro anunciou que deixa a empresa e que o controle
ficará com sua mulher. “A legislação [federal] exige que haja o meu
afastamento. Eu, por conta de toda essa repercussão, entendo que é a
medida mais adequada a ser tomada. Na condução ética, na condução
concreta do dia a dia da empresa, eu tenho absoluta clareza que agi da
maneira mais correta possível”, afirmou o futuro ministro em entrevista
coletiva no dia 23.
No evento desta sexta, Chioro falou por cerca de 40 minutos e citou
inúmeros feitos à frente da secretaria, desde 2009, como a criação do
Hospital de Clínicas e a implantação de nove UPAs - 24h. Disse que o
feito que mais importante, no entanto, foi a criação de residências
terapêuticas para pacientes que estavam confinados em clínicas
psiquiátricas.
Ele elogiou bastante o ministro Padilha, o qual chamou de o melhor
ministro da Saúde da história do país. Os elogios foram devolvidos pelo
pré-candidato ao governo de São Paulo, que afirmou que, sem parceiros
nos municípios, como foi Chioro, "o que a gente projeta, coloca
dinheiro, não vira realidade".
No próprio evento, o prefeito Luiz Marinho empossou a então
secretária-adjunta, Odete Gialdi, como nova secretária de saúde do
município.
Perfil
Médico concursado da Prefeitura de Santos (SP) desde 1989, Chioro já havia trabalhado no Ministério da Saúde anteriormente. Ele retorna à pasta nove anos após ter exercido o cargo de diretor do Departamento de Atenção Especializada da pasta entre 2003 e 2005.
Médico concursado da Prefeitura de Santos (SP) desde 1989, Chioro já havia trabalhado no Ministério da Saúde anteriormente. Ele retorna à pasta nove anos após ter exercido o cargo de diretor do Departamento de Atenção Especializada da pasta entre 2003 e 2005.
Chioro se formou pela Fundação Serra dos Órgãos e especializou-se em
medicina preventiva e social pela Universidade Estadual Paulista
(Unesp). Anos depois, tornou-se mestre e doutor em saúde coletiva,
cadeira que leciona na Faculdade de Fisioterapia Unisanta e na Faculdade
de Medicina (Unimes). É também pesquisador na área de planejamento e
gestão em saúde da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Em São Bernardo do Campo, o petista integra o primeiro escalão da
prefeitura desde o primeiro mandato do atual prefeito Luiz Marinho, que
foi eleito em 2008 e reeleito em 2012. Marinho é ex-ministro do Trabalho
e da Previdência Social do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com
quem mantém amizade próxima.
Chioro também deixa o cargo de presidente do Conselho de Secretários
Municipais de Saúde do Estado de São Paulo, que agora será ocupado pelo
vice-presidente da entidade, Fernando Monti.
Atendimento
O portal de notícias G1 visitou algumas unidades de saúde do município e conversou com usuários. Alguns elogiaram, outros criticaram a situação da saúde na cidade. Na UBS Alves Dias, a dona de casa Marisa da Silva, de 44 anos, afirmava que não espera nem cinco minutos para pegar o remédio e que consegue realizar normalmente suas consultas com uma psicóloga. Não havia filas no local na quinta-feira (30) à tarde.
O portal de notícias G1 visitou algumas unidades de saúde do município e conversou com usuários. Alguns elogiaram, outros criticaram a situação da saúde na cidade. Na UBS Alves Dias, a dona de casa Marisa da Silva, de 44 anos, afirmava que não espera nem cinco minutos para pegar o remédio e que consegue realizar normalmente suas consultas com uma psicóloga. Não havia filas no local na quinta-feira (30) à tarde.
A aprovação não era unânime, porém. A ajudante-geral Inani Pereira de
Souza, de 48 anos, deixou o local sem os remédios que havia ido buscar,
Omeprazol 20 mg e Losartana 50 mg e reclamava ainda da demora para a
marcação de consultas. “Sempre espero pelo atendimento e consultas. Um
mês, dois meses, até mais. Tinha que melhorar”, afirma ela, que conta
ter consulta marcada com um psicólogo para abril.
No mesmo local, Ana Rita de Cássia disse que não há data para passar
com o ginecologista que costuma tratá-la. Ela se queixou ainda que ficou
desde 2012 esperando ser chamada para fazer uma endoscopia, e que só
foi convocada neste mês. “Não podia esperar. Paguei R$ 200 e fiz no
particular”, diz.
Em outra unidade, a UBS do Alvarenga, Maria Rubenita Mora Alexandre
afirmava que na terça-feira (28) tinha marcada uma mamografia pela UBS
em outro centro, mas que a máquina de mamografia estava quebrada. Conta
ainda ter sido informada que sua consulta com um clínico será em 22 de
março. “A gente pensa que a saúde vai melhorar, e não melhora”, afirma.
A Secretaria de Saúde informou que o prestador de serviço para a
realização de mamografias em São Bernardo, o Laboratório Ghelfond,
confirmou que houve a quebra do aparelho de endoscopia no dia 28 de
janeiro, mas o equipamento foi consertado ainda no mesmo dia. O exame de
mamografia da munícipe Maria Rubenita foi reagendado para a próxima
segunda-feira, dia 3. Sobre a data da consulta, a secretaria disse que a
rede municipal de saúde trabalha com o sistema de acolhimento e
classificação de risco, sendo priorizados os casos mais graves.
Sobre o desabastecimento dos medicamentos Losartana e Omeprazol, o
problema foi regularizado esta semana e ambos já estão disponíveis em
todas as 32 unidades básicas de saúde do município. Houve falta em razão
das férias coletivas da maior parte dos fornecedores a partir do final
do ano, segundo a secretaria. No período, os usuários foram orientados a
procurar as farmácias populares da cidade.
A secretaria informou ainda que as vagas oferecidas pelo estado são
inferiores à demanda, e que o município decidiu assumir emergencialmente
o serviço. A secretaria alugou dois aparelhos de endoscopia e contratou
profissionais para esse mutirão. Todos os pedidos de endoscopia estão
sendo reavaliados e os pacientes com maior gravidade estão sendo
contatados prioritariamente.
Raio-x da saúde
A rede pública de São Bernardo tem 582.113 pessoas cadastradas no Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB). O município realiza 2 milhões de consultas médicas, em média, por ano. E cerca de 30 mil internações hospitalares são realizadas anualmente. A rede municipal de saúde conta com 32 unidades básicas de saúde, 9 UPAs, 4 hospitais e 5 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), entre outros equipamentos.
A rede pública de São Bernardo tem 582.113 pessoas cadastradas no Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB). O município realiza 2 milhões de consultas médicas, em média, por ano. E cerca de 30 mil internações hospitalares são realizadas anualmente. A rede municipal de saúde conta com 32 unidades básicas de saúde, 9 UPAs, 4 hospitais e 5 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), entre outros equipamentos.
A Secretaria da Saúde destaca, entre os principais feitos de Artur
Chioro à frente da pasta, a construção do Hospital das Clínicas
Municipal, com 293 leitos de média e alta complexidade para reduzir o
déficit de leitos clínicos e cirúrgicos, a implantação de nove UPAS-24h
para o atendimento de urgência e emergência, com bases do SAMU
descentralizadas, reforma e ampliação de 24 unidades básicas de saúde e o
início da construção de duas novas UBSs (Montanhão e Areião). Cita
ainda a estruturação de ações de cuidado em saúde, com estratégias
preventivas e de promoção da saúde, como o projeto “De Bem com a Vida”
que desenvolve práticas corporais em milhares de idosos, hipertensos,
diabéticos etc.
G1
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