A compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, saiu ainda mais cara do que se sabia para a Petrobras. Um pagamento extra de US$ 85 milhões eleva o valor total pago pela estatal brasileira para US$ 1,3 bilhão.
O pagamento, feito em fevereiro de 2007, é confirmado por um memorando
que a Astra Oil, a então sócia da Petrobras na refinaria, mandou para a
Receita Federal dos Estados Unidos. O documento foi revelado pelo jornal
"O Estado de S. Paulo" nesta segunda-feira (31).
Os advogados da Astra disseram a um auditor do fisco americano que a
empresa brasileira se comprometeu em um acordo a pagar US$ 85 milhões
quando a receita da Astra Oil ficasse abaixo de um determinado valor.
Com mais esse desembolso, o preço total da compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras ficou mais alto.
Na semana passada o Jornal Nacional mostrou em quanto ficou a conta, incluindo o pagamento de impostos.
Em 2005, a Astra Oil comprou a refinaria por US$ 42 milhões e investiu nela outros US$ 84 milhões, o que dá US$ 126 milhões.
Em 2006, a Petrobras comprou metade da refinaria, pagou US$ 190 milhões
pelas ações e US$ 170 milhões pelo estoque que havia naquele momento. A
empresa brasileira afirmou que teve que pagar outros US$ 56 milhões em
impostos, conforme um documento encaminhado à agência que regula o
mercado financeiro nos Estados Unidos. Total pela primeira metade: US$
416 milhões.
Em 2008, a sócia belga se baseou numa cláusula contratual para forçar a
Petrobras a comprar os outros 50%. A justiça americana decidiu que o
preço seria de US$ 639 milhões.
A Petrobras recorreu e, depois de quatro anos de processo, perdeu. Em 2012, o valor foi corrigido para US$ 820 milhões.
A conta final ficou assim:
- US$ 416 milhões pela primeira metade.
- US$ 820 milhões pelo restante da refinaria.
- US$ 85 milhões pagos em 2007 para compensar a receita da sócia.
Ou seja, a Petrobras pagou ao menos US$ 1,3 bilhão.
Investigação
A assessoria da Petrobras informou que a empresa não vai comentar nada sobre a compra da refinaria de Pasadena até o fim das apurações da comissão interna que analisa o caso.
A assessoria da Petrobras informou que a empresa não vai comentar nada sobre a compra da refinaria de Pasadena até o fim das apurações da comissão interna que analisa o caso.
A compra da refinaria vem criando mal-estar no governo e dentro da
Petrobras. O negócio levantou suspeitas de superfaturamento e evasão de
divisas na negociação – mas ganhou ainda mais repercussão porque, na
época, quem presidia o Conselho de Administração da estatal, que deu
aval à operação, era a atual presidente da República, Dilma Rousseff.
A presidente Dilma afirmou, após a abertura de investigações no
Tribunal de Contas da União (TCU), Polícia Federal e Ministério Público,
que só aprovou a compra dos primeiros 50% porque o relatório
apresentado ao conselho pela empresa era "falho" e omitia duas cláusulas
que acabaram gerando mais gastos à estatal.
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