A candidata à Presidência pelo PSB, Marina Silva, afirmou que, para
qualquer pessoa cristã ou judia, "a Bíblia é sem sombra de dúvida uma
fonte de inspiração", e que "as decisões são tomadas com base
racional, para todas as pessoas". A declaração foi feita em entrevista
concedida nesta segunda-feira (1º) ao Jornal da Globo, quando a ex-senadora – que é evangélica – foi questionada
se era verdade que tomava decisões lendo aleatoriamente a Bíblia.
"Todos
nós agimos em base na relação realista dos fatos, mas os seres humanos, eles
têm uma subjetividade. Uma pessoa que crê, obviamente que tem na Bíblia uma
referência. Assim como tem na referência a arte, a literatura. Às vezes você
pode ter um 'insight' assistindo um filme. O quanto nós já avançamos, do ponto
da ciência, da tecnologia, pela capacidade antecipatória que você encontra,
enfim, na indústria cinematográfica...", disse.
"Mas a
senhora toma decisões lendo a Bíblia aleatoriamente, é verdade isso?",
questionou a jornalista Christiane Pelajo.
"Olha,
isso é uma forma que as pessoas foram construindo, ou estão construindo, para
tentar passar uma imagem de que eu sou uma pessoa que é fundamentalista, essas
coisas que muita gente de má-fé acabam fazendo", afirmou Marina.
"Qual é o
tamanho desse amparo que a senhora toma em preceitos religiosos, frente ao que
a senhora pretende ser, que é governante de todos os brasileiros, tomando
decisões nacionais?", indagou então o jornalista William Waack.
"O mesmo
amparo que você pode tomar a partir de outros referenciais. A Bíblia é, sem
sombra de dúvida, uma fonte de inspiração para qualquer pessoa que é cristã ou
que é um judeu, enfim, e que não vai negar que é uma fonte de inspiração, mas
existem outras fontes de inspiração, às quais eu já me referi. As decisões são
tomadas com base racional pra todas as pessoas", respondeu Marina.
A candidata
disse em seguida, porém, que "dificilmente você vai encontrar uma pessoa
que diga que ela é 100% racional".
"Essa
pessoa estaria presa à realidade, e com certeza, se os especialistas do
comportamento forem avaliar uma pessoa como essa, vai ver que ela tem uma
subjetividade muito pobre. Qualquer pessoa forma, toma as suas decisões
considerando vários aspectos. Ele é atravessado pela cultura; se tem crença,
pela espiritualidade; se é da ciência, pelo conhecimento científico. O ser
humano não é uma unidade, digamos, pura de alguma coisa não é? Somos seres
subjetivos, e a subjetividade é uma riqueza interior, para qualquer ser humano".
Os principais
candidatos à Presidência foram convidados para a entrevista ao Jornal da Globo.
Candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT) decidiu não participar. Na
quarta-feira (3), será a vez de Aécio Neves (PSDB).
Casamento gay e homofobia
Na entrevista, Marina também foi indagada sobre o "recuo" no programa de governo do PSB, que retirou, em menos de 24 horas, a defesa de propostas para tornar lei o casamento entre pessoas do mesmo sexo e para criminalizar a homofobia. Marina reiterou que a mudança no programa foi motivada por um "erro de processo", e explicou que, por uma "falha", o documento inicialmente divulgado continha as reivindicações do movimento LGBT e não a "mediação no debate", referindo-se ao texto final aprovado pelo PSB.
Na entrevista, Marina também foi indagada sobre o "recuo" no programa de governo do PSB, que retirou, em menos de 24 horas, a defesa de propostas para tornar lei o casamento entre pessoas do mesmo sexo e para criminalizar a homofobia. Marina reiterou que a mudança no programa foi motivada por um "erro de processo", e explicou que, por uma "falha", o documento inicialmente divulgado continha as reivindicações do movimento LGBT e não a "mediação no debate", referindo-se ao texto final aprovado pelo PSB.
"Mas os
direitos civis da comunidade LGBT, o respeito à sua liberdade individual, o
combate ao preconceito, isso está muito bem escrito no nosso programa, melhor
do que dos outros candidatos", emendou a candidata.
Em seguida, questionada sobre sua posição em relação ao casamento gay, Marina evitou dizer que era contra. Disse ser a favor da "liberdade individual das pessoas" e que "vivemos em um Estado laico". "O que nós defendemos é a união civil entre pessoas do mesmo sexo [...] Marina Silva é a favor da união civil entre pessoas do mesmo sexo", concluiu.
Marina também foi questionada se a religião a impedia de ser a favor da lei que equipara a homofobia ao racismo. Ela respondeu que o projeto de lei em tramitação no Congresso sobre o assunto "não faz a diferenciação adequada em vários aspectos". "Por exemplo, ninguém pode defender homofobia, qualquer forma de preconceito, discriminação. Por outro lado, você tem os aspectos ligados à convicção ou à manifestação de uma opinião. Você tem que separar isso. E na lei isso não está adequadamente claro", argumentou.
Em seguida, questionada sobre sua posição em relação ao casamento gay, Marina evitou dizer que era contra. Disse ser a favor da "liberdade individual das pessoas" e que "vivemos em um Estado laico". "O que nós defendemos é a união civil entre pessoas do mesmo sexo [...] Marina Silva é a favor da união civil entre pessoas do mesmo sexo", concluiu.
Marina também foi questionada se a religião a impedia de ser a favor da lei que equipara a homofobia ao racismo. Ela respondeu que o projeto de lei em tramitação no Congresso sobre o assunto "não faz a diferenciação adequada em vários aspectos". "Por exemplo, ninguém pode defender homofobia, qualquer forma de preconceito, discriminação. Por outro lado, você tem os aspectos ligados à convicção ou à manifestação de uma opinião. Você tem que separar isso. E na lei isso não está adequadamente claro", argumentou.
Democracia representativa e participativa
Marina também foi indagada sobre o que pensava do decreto, assinado neste ano pela presidente Dilma Rousseff, que regulamenta a participação de movimentos sociais na formulação, execução e avaliação de políticas públicas dos órgãos do governo.
Marina também foi indagada sobre o que pensava do decreto, assinado neste ano pela presidente Dilma Rousseff, que regulamenta a participação de movimentos sociais na formulação, execução e avaliação de políticas públicas dos órgãos do governo.
Marina
sustentou ser possível "uma combinação" da democracia representativa
– levada a cabo por meio do Congresso e outras instituições – com a democracia
participativa – que leva em conta a participação dos cidadãos nas decisões do
Estado.
"A
Constituição brasileira assegura as duas coisas. Nós não podemos achar que uma
coisa é em prejuízo da outra. Pelo contrário. Há um processo de
retroalimentação entre a participação do cidadão dos diferentes setores que
enriquece o processo democrático e, obviamente, que temos que ter instituições
que passam a ser o polo estabilizador da democracia", explicou.
Ela lembrou
que, como senadora por 16 anos e depois como ministra, conseguiu aprovar leis
ambientais "dialogando com todos os parlamentares" e
"transformando boas ideias em políticas públicas, dos movimentos sociais,
da academia, do próprio Congresso e dos gestores públicos".
"Hoje não
tem mais essa ideia de que você faz as coisas pura e simplesmente para a
sociedade. Você faz com a sociedade. Fazer com é diferente de fazer para.
Conheço muitas pessoas que estão dizendo ai que é um perigo dizer que vai
governar com a participação da sociedade. Mas também não é bom achar que vai
governar apenas para os partidos", concluiu.
Economia
Na segunda parte da entrevista, Marina repetiu que, se eleita presidente, vai recuperar o "tripé da política macroeconômica brasileira": meta de inflação, câmbio flutuante e superávit fiscal. Ela criticou a condução da política econômica pela presidente Dilma Rousseff, que, segundo ela, deixou o país sem crescimento, com inflação aumentando e juros subindo.
Na segunda parte da entrevista, Marina repetiu que, se eleita presidente, vai recuperar o "tripé da política macroeconômica brasileira": meta de inflação, câmbio flutuante e superávit fiscal. Ela criticou a condução da política econômica pela presidente Dilma Rousseff, que, segundo ela, deixou o país sem crescimento, com inflação aumentando e juros subindo.
"É
fundamental que o país tenha estabilidade econômica para que a gente não perda
[sic] as conquistas que já alcançamos, inclusive as conquistas sociais, e que a
gente possa aumentar o investimento", afirmou. Disse que para haver mais
investimentos, é necessário retomar a confiança no governante e
"combinando os instrumentos de política macroeconômica com os instrumentos
de política microeconômica".
Questionada se
aumentaria impostos para manter e criar programas sociais, Marina respondeu:
"O nosso compromisso é de não aumentar impostos".
Explicou que
tem compromisso em "dar eficiência ao gasto público", diminuindo a
corrupção e fazendo o país voltar a crescer. Depois, criticou escolhas feitas
pelo governo. "Se conseguiu R$ 500 bilhões para ungir empresas que recebem
esses recursos a juros subsidiados e depois se vem com os argumentos de que não
é possível alocar os recursos para atender os brasileiros na saúde, na
educação, na segurança?"
Energia, pré-sal, preço da gasolina
Na parte final da entrevista, Marina foi questionada se deixaria o pré-sal "caminhando de maneira morna", por ter dito que a exploração da camada de petróleo, que tem uma das maiores reservas do mundo, "é uma prioridade entre outras".
Na parte final da entrevista, Marina foi questionada se deixaria o pré-sal "caminhando de maneira morna", por ter dito que a exploração da camada de petróleo, que tem uma das maiores reservas do mundo, "é uma prioridade entre outras".
"Se eu
estou dizendo que o pré-sal é uma prioridade entre outras, eu estou dizendo que
nós vamos explorar os recursos do pré-sal, mas também vamos dar um passo à
frente", disse, defendendo que também deve-se investir em fontes
renováveis e limpas de energia, como biomassa, o uso do vento e do sol.
"Não faz
sentido termos a maior área de insolação do planeta e termos a quantidade de
energia solar que nós temos [...] Nós temos um enorme potencial de biomassa e
nós não estamos fazendo os investimentos. [...] E o mundo inteiro está correndo
atrás da ideia de uma economia de baixo carbono", argumentou. Reconheceu,
porém, que o petróleo é uma necessidade do Brasil e do planeta e ainda
"não se conseguiu a fonte de geração de energia que vai substituir esse
combustível fóssil".
Ela também
defendeu o investimento em energias limpas como forma de diminuir a necessidade
de acionar as termelétricas em épocas de seca nas hidrelétricas, o que
encarece a conta de luz. "Nós não podemos prescindir dessa fonte auxiliar,
mas nós temos que buscar os novos investimentos", declarou.
Marina ainda
atacou o que chamou de "política desastrosa do governo, que está
subsidiando gasolina, inclusive fazendo a importação desse combustível com um
preço elevado, e que acabou destruindo a indústria do etanol".
Disse esperar
"que os preços administrados pelo governo possam ser corrigidos pelo
próprio governo", em referência ao represamento do preço do combustível,
também praticado em relação às tarifas de energia. Atribuiu o esforço em não
aumentar os preços a interesse eleitoral. "Eu fico impressionada como é
que se sacrifica os recurso de milhares de anos por apenas uma eleição",
afirmou, voltando a prometer que, se eleita, não concorrerá à reeleição.
"Vou ter
um mandato de quatro anos, porque eu não quero governar pensando no que eu vou
fazer para a próxima eleição. Eu quero governar pensando o que eu quero deixar
para as futuras gerações", afirmou.
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