A decisão do
PT de passar o trator em Marina Silva foi tomada no dia 1º de setembro em um
jantar no hotel Unique, em São Paulo, logo depois do segundo debate entre os
candidatos à Presidência, no SBT. Estavam à mesa a presidente e candidata do
partido, Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula, o marqueteiro João Santana, o
ex-ministro Franklin Martins, o ministro Aloizio Mercadante e o presidente do
PT, Rui Falcão. Juntos, chegaram à constatação de que o fenômeno Marina era bem
mais sustentável do que parecia a princípio.
Se nada fosse
feito, concluíram, Marina Silva estaria sentada na cadeira de presidente da
República pelos próximos quatro anos. “As pesquisas mostravam isso”, disse a
VEJA um ministro do governo. “Não tínhamos alternativa a não ser partir para
cima com tudo.” Àquela altura, a candidata do PSB aparecia empatada com Dilma
no primeiro turno e 10 pontos à frente no segundo. Lula resumiu o clima
reinante e deu a ordem de marcha: “Precisamos reagir e reorganizar a tropa”.
Como sempre
nesses casos, com uma equipe azeitada, acostumada a trabalhar em conjunto há
muitas campanhas e conhecedora dos limites éticos, ou da falta deles, não foi
preciso ser muito explícito sobre o que precisava ser feito. O próprio
diagnóstico do problema embutia sua solução. Marina tinha virado uma entidade
sagrada, uma combinação de espírito da floresta com o espírito do capitalismo,
metade Chico Mendes, metade Steve Jobs. Decidiu-se que o processo de destruição
da candidatura Marina seria eufemisticamente chamado de “dessacralização”.
Logo a máquina
de propaganda petista, comandada pelo veterano e medalhado publicitário João
Santana, mostrou a que viera. Em menos de uma semana o resultado começou a
aparecer no programa eleitoral de Dilma e nas inserções de televisão e rádio.
Nunca se viu na história eleitoral deste país uma combinação tão violenta de
mentiras, falsificações, manipulações, exageros e falsas acusações como a
despejada pelo PT sobre Marina.
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