O
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso respondeu nesta sexta-feira às declarações da presidente
Dilma Rousseff, que lançou mão da velha tática petista e culpou
o governo FHC por não ter iniciado uma investigação sobre os desvios na
Petrobras na década de 1990. Em nota, o ex-presidente afirma que Dilma
aceitou “a tática infamante da velha anedota do punguista que mete a mão
no bolso da vítima, rouba e sai gritando ‘pega ladrão’."
FHC
salientou o fato de Dilma tratar do trecho da delação premiada em que o
ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco afirma que começou a receber propina da
empresa holandesa SBM offshore em 1997, mas ignorar as demais revelações feitas
por ele. “O delator a quem a presidente se referiu foi explícito em suas
declarações à Justiça. Disse que a propina recebida antes de 2004 foi obtida em
acordo direto entre ele e seu corruptor. Somente a partir do governo Lula a
corrupção, diz ele, se tornou sistemática”, afirmou. E questiona: “Como alguém
sério pode responsabilizar meu governo pela conduta imprópria individual de um
funcionário se nenhuma denúncia foi feita na época?”.
Ainda
segundo o ex-presidente, o petrolão não é caracterizado por desvios de conduta
individuais de funcionários da Petrobras – nem são os empregados, em sua
maioria, os responsáveis. “Trata-se de um processo sistemático que envolve os
governos da presidente Dilma e do ex-presidente Lula. Foram eles ou seus
representantes na Petrobras que nomearam os diretores da empresa ora acusados
de, em conluio com empreiteiras e, no caso do PT, com o tesoureiro do partido,
de desviar recursos em benefício próprio ou para cofres partidários”.
O ex-presidente
encerra a nota recomendando mais cuidado a Dilma diante dos fatos. “Em vez de
tentar encobrir suas responsabilidades, jogando-as sobre mim, que nada tenho a
ver com o caso, ela deveria fazer um exame de consciência”, afirma.
Ao tratar
da delação de Barusco, a presidente se calou sobre a mais grave informação
prestada pelo delator: a de que o tesoureiro do PT João Vaccari Neto recebeu
até 200 milhões de dólares em propina do escândalo do petrolão.
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