O dólar
opera em forte alta nesta quarta-feira (4), e alcançou os R$ 3 no início desta
tarde, segundo a Reuters. Se encerrar o dia acima desse patamar, será a
primeira vez que isto acontece desde 16 de agosto de 2004, quando a moeda
encerrou o dia vendida a R$ 3,0146.
Às 13h51, o
dólar era vendido a R$ 2,9768, em alta de 1,67%. Por volta de 13h, chegou a
atingir R$ 3,001.
Os mercados
reagem à derrota do governo pelo ajuste fiscal na noite de terça-feira, quando
o presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros, surpreendeu o Executivo
com a rejeição da medida provisória 669. Ao reduzir desonerações para vários
setores, a medida aumentaria a arrecadação do governo.
"Ninguém
sabe onde [o dólar] vai parar, é uma barbárie", resumiu, à Reuters, o
gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho.
"O
dólar já estava em uma tendência de alta em função dos fundamentos
deteriorados. Agora, há esse 'a mais', que é o cenário político conturbado
dificultando a implementação do ajuste fiscal", disse também à Reuters o
analista da WinTrade Bruno Gonçalves, que não tem expectativas de alívio no
câmbio no curto prazo. Com isso, cresce a ansiedade do mercado sobre o futuro
do programa de intervenção do Banco Central no câmbio.
Na
terça-feira, o câmbio fechou a R$ 2,928 na venda, maior nível desde 2 de
setembro de 2004, quando foi a R$ 2,940.
As vendas
no varejo na zona do euro cresceram em janeiro ao ritmo mais rápido desde maio
de 2013, bem mais que o esperado. Os dados foram vistos como o sinal mais
recente da melhora da confiança dos consumidores num bloco que busca superar a
estagnação econômica.
No cenário
interno, investidores têm mostrado menor apetite por ativos brasileiros diante
da perspectiva de que, mesmo se o ajuste for bem-sucedido em resgatar a
credibilidade da política fiscal, a inflação no Brasil deve fechar 2015 acima
de 7% e o país deve mostrar contração econômica.
Atuação do BC
A pressão
sobre o câmbio tem sido corroborada também por ruídos sobre a intervenção do
BC, que sinalizou que deve rolar perto de 80% do lote de swaps cambiais
(equivalente à venda de dólares no mercado futuro) que vencem em 1º de abril,
uma posição vendida de US$ 9,964 bilhões. Nos últimos meses, o BC fez rolagens
integrais.
Segundo
analistas, à medida que o mês se aproximar do fim, investidores devem
pressionar cada vez mais o BC a se posicionar sobre o futuro do programa de
ofertas diárias.
Nesta
quarta, o BC dá continuidade às intervenções diárias no mercado de câmbio nesta
manhã, ofertando até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de
dólar, com vencimentos em 1º de dezembro de 2015 e 1º de fevereiro de 2016.
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