Pular para o conteúdo principal

Eduardo Cunha lê em plenário rito de processo de impeachment

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), leu nesta quinta-feira (24), em plenário, resposta ao questionamento formal apresentado na semana passada por partidos da oposição sobre os procedimentos de um eventual processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

A resposta foi divulgada nesta quarta (23) às lideranças partidárias, mas faltava a leitura no plenário, procedimento previsto no regimento interno. O presidente da Câmara ainda terá de decidir se admite ou rejeita os pedidos de impeachment protocolados na Casa.

No ofício lido no plenário, Cunha afirmou que não cabe a ele decidir se um presidente da República pode ser responsabilizado por atos cometidos em um mandato imediatamente anterior.

Essa era uma das principais questões formuladas pela oposição. Ao responder à pergunta, Cunha destacou que se trata de uma questão de mérito, que só poderá ser analisada pelo plenário.

“A indagação sobre a possibilidade de responsabilização do presidente da República reeleito por atos praticados no curso do primeiro mandato, no exercício das funções presidenciais, não se reduz a uma questão de procedimento ou interpretação de norma regimental. Trata-se, de fato, do cerne da decisão adotada pelo plenário, a partir do trabalho da comissão especial, no exercício do juízo de admissibilidade da denúncia”, escreveu o peemedebista na resposta à questão de ordem.

“Não cabe, portanto, ao presidente da Câmara, em sede de questão de ordem, substituir-se às instâncias competentes para tomar essa decisão”, completou Cunha.

Se Cunha indeferir os pedidos de impeachment protocolados na Casa, a oposição poderá entrar com recurso, a fim de que o plenário decida se o processo pode ser aberto.

No documento, assinado pelos deputados Carlos Sampaio (PSDB-SP), Mendonça Filho (DEM-PE), Arthur Oliveira Maia (SD-BA), Arnaldo Jordy (PPS-PA), André Moura (PSC-SE), Cristiane Brasil (PTB-RJ) e Bruno Araújo (PSDB-PE), os deputados também fizeram uma série de questionamentos sobre a tramitação, no Congresso Nacional, de um processo de afastamento do presidente da República.

Os oposicionistas indagaram, por exemplo, se a decisão sobre a abertura do processo não deveria ficar a cargo do plenário da Casa.

Além disso, questionaram quem poderia recorrer contra uma eventual rejeição do pedido de impeachment e se o presidente da República pode ser afastado por atos cometidos durante o mandato imediatamente anterior.

A oposição questionou formalmente se o chefe do Executivo federal pode ser responsabilizado por atos cometidos em mandatos anteriores porque, entre os argumentos centrais do pedido de impeachment apresentado pelos advogados Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior, estão as chamadas "pedaladas fiscais".

A manobra, para aliviar momentaneamente as contas públicas, consiste no atraso, por parte do governo, do repasse de dinheiro a bancos públicos que pagaram com recursos próprios benefícios como o Bolsa Família e o seguro-desemprego.

As supostas "pedaladas fiscais" estão sendo investigadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que pode rejeitar as contas do ano passado do governo Dilma com base na Lei de Responsabilidade Fiscal.

Técnicos do TCU afirmam que a prática de atrasar repasses a bancos públicos permitiu ao governo melhorar o resultado das contas públicas, inflando o chamado superávit primário (economia para pagar juros da dívida pública e tentar manter a trajetória de queda).

O governo argumenta que não há irregularidades na manobra de atraso de pagamentos a bancos públicos e diz que esse procedimento já foi realizado pelos governos Fernando Henrique Cardozo e Luiz Inácio Lula da Silva.

Caso Cunha rejeite os pedidos de abertura de impeachment, partidos da oposição pretendem apresentar ao plenário um recurso contra a decisão. Para que o recurso seja aprovado, bastará maioria simples dos votos dos deputados em plenário. Se isso acontecer, será instalada uma comissão especial.

Processo de impeachment
Na resposta apresentada nesta quarta à oposição, o presidente da Câmara explicou que a eventual comissão que venha a ser criada para analisar a abertura do processo de impeachment será composta por representantes de todos os partidos na Casa, sendo 66 titulares e 66 suplentes. O número de vagas de cada partido e bloco parlamentar será definido proporcionalmente ao tamanho das bancadas, ressaltou Cunha.

Ainda de acordo com o peemedebista, a defesa da presidente da República terá dez sessões para se manifestar ao colegiado. Após esse prazo, explicou, caberá à comissão elaborar, em um prazo de cinco sessões, o relatório que será submetido ao plenário da Câmara.


Para o parecer ser aprovado, complementou Cunha aos oposicionistas, ao menos dois terços dos 513 deputados (342) terão de votar a favor. Caso os parlamentares decidam pela abertura do processo de impeachment, Dilma será obrigada a se afastar do cargo por 180 dias e o processo segue para julgamento do Senado.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mickey completa 85 anos com curta-metragem no cinema e desenhos na TV

Há 85 anos, um rato invadiu as salas de cinema. Em vez de sustos, provocou gargalhadas e aplausos nas pessoas que assistiam a suas travessuras a bordo de um barco a vapor.  No desenho animado "Steamboat Willie", de 1928, foi apresentado ao grande público Mickey Mouse, recém-criado pelo cineasta norte-americano Walt Disney.  Para comemorar o "aniversário", serão lançados no Disney Channel uma série de desenhos de curta-metragem. Neles, Mickey aparece com o visual e a personalidade travessa dos primeiros filmes.  Em "Croissant do Triunfo", atravessa Paris de moto para levar os deliciosos pãezinhos para Minnie. Em "Sem Comida", ele e Donald tentam comprar almoço, mas não são atendidos por estarem sem camisa e sapatos.  Já em "Tiroteio", Mickey precisa enfrentar uma avalanche nos Alpes suíços.  Além desses três primeiros, que vão ao ar nesta segunda, outros dos 19 desenhos da série deverão

Entenda o que é o título Persona non grata

Diante dos votos contrários dos vereadores oposicionistas de Pau dos Ferros de não aprovar o título de "persona non grata" ao professor que criticou a cidade de Pau dos Ferros (veja aqui), venho esclarecer aos cidadãos e web-leitores o que significa esse título. Persona non grata (Latim, no plural: personae non gratae ), cujo significado literal é "pessoa não bem-vinda", é um termo utilizado em diplomacia com um significado especializado e judicialmente definido. Sob a Convenção de Viena sobre as Relações Diplomáticas, artigo 9, um Estado pode declarar "em qualquer altura e sem necessidade de justificação" qualquer membro dos emissários diplomatas como persona non grata — i.e., não aceite (enquanto que persona grata significaria aceitável ) — mesmo previamente à sua chegada ao Estado em questão. Geralmente, a pessoa é recambiada para a sua nação de origem. Caso isso não aconteça, o Estado "poderá recusar-se a reconhecer a pessoa como

Com show de Gilberto, Portuguesa goleia e amplia crise no Corinthians

Com show de Gilberto, e um primeiro tempo perfeito, a Portuguesa goleou o Corinthians por 4 a 0 na tarde deste domingo, no estádio Morenão, em Campo Grande (MS), para confirmar reação no Campeonato Brasileiro e complicar ainda mais a situação do rival, que vai completar um mês sem vitória. De olho numa boa renda de bilheteria, a Lusa mandou o clássico a aproximadamente mil quilômetros da cidade de São Paulo. Mas o grande lucro foi na tabela de classificação. Os três gols de Gilberto na primeira etapa – e um de Wanderson no segundo tempo – levaram a Lusa aos 31 pontos, empatando com o Timão, mas levando vantagem no número de vitórias – 8 contra 7. E olha que o time nem teve seu técnico à beira do campo - com a suspensão de Guto Ferreira pelo STJD, a Portuguesa foi comandada por Alexandre Faganello. O desempenho perfeito da Lusa, que conseguiu sua maior vitória no clássico em duelos válidos pelo Campeonato Brasileiro, arrancou elogios até mesmo dos rivais.