Influenciada pela
forte recessão que se abateu sobre a economia brasileira, a arrecadação de
impostos e contribuições federais não resistiu e registrou queda real de 5,6%
em 2015, apesar do aumento de vários tributos pelo governo no ano passado,
segundo números divulgados pela Secretaria da Receita Federal nesta
quinta-feira (21).
Os números do Fisco
mostram que, em 2015, a arrecadação recuou pelo segundo ano consecutivo.
No ano passado, a
arrecadação somou R$ 1,22 trilhão (valor nominal). Com a correção pelo Índice
de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial, a
arrecadação somou R$ 1,27 trilhão no ano passado, de acordo com números
oficiais. Foi o menor valor, para um ano fechado, desde 2010, ou seja, dos
últimos cinco anos.
De acordo com dados
do Fisco, a arrecadação refletiu, no ano passado, o baixo nível de atividade
econômica. Em 2015, a produção industrial recuou 7,7%, as vendas de bens e
serviços caíram 7,75%, e o valor em dólar das importações recuou 27%, apesar do
aumento de 3,7% na massa salarial.
Os números do órgão
mostram que o recuo da arrecadação, em 2015, aconteceu apesar de receitas
extras, neste ano, de R$ 13,1 bilhões (R$ 4,6 bilhões de transferência de
ativos entre empresas, R$ 1 bilhão de remessas para residentes no exterior e R$
7,5 bilhões pela recuperação de débitos em atraso). Em 2014, as receitas
extraordinárias somaram, pelo menos, R$ 8,76 bilhões.
Desonerações e altas de tributos
O governo informou
ainda que a a arrecadação também se ressente, em 2015, das desonerações de
tributos feitas nos últimos anos – parcialmente revertidas, em alguns casos. De
acordo com informações da Receita Federal, as reduções de tributos realizadas
nos últimos anos tiveram impacto na queda na arrecadação de R$ 103 bilhões em
2015, contra R$ 99,41 bilhões no ano anterior.
O governo,
entretanto, começou a aumentar impostos em 2015 como parte do ajuste fiscal
para tentar reequilibrar as contas públicas. Neste ano, o governo já subiu
tributos sobre empréstimos, carros, cosméticos, cerveja, vinhos, destilados,
refrigerantes, bancos, receitas financeiras das empresas, taxas de fiscalização
de serviços públicos, gasolina, importações, e exportações de manufaturados,
entre outros. A maior parte destes aumentos já está valendo.
Arrecadação por tributos
A Receita Federal
informou que o Imposto de Renda arrecadou R$ 336 bilhões em 2015, com queda
real de 2,86% sobre o ano anterior (R$ 346 bilhões). Os números foram
corrigidos pelo IPCA.
No caso do Imposto
de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), a arrecadação somou R$ 119 bilhões no ano
passado, com queda real de 13,85% sobre 2014.
Sobre o IR das
pessoas físicas, o valor arrecadado totalizou R$ 29,69 bilhões em 2015, com
recuo real de 5,96%. Já o Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) arrecadou R$
187,71 bilhões no último ano, com alta real de 6,29% sobre igual período de
2014.
Com relação ao
Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI), os números do Fisco mostram que o
valor arrecadado somou R$ 51,42 bilhões em 2015, com queda real de 10,75% sobre
o ano anterior.
No caso do Imposto
Sobre Operações Financeiras (IOF), houve uma alta real de 6,9%, para R$ 36,15
bilhões, no ano passado. Neste caso, a arrecadação foi influenciada pela alta
do tributo, que já foi recomposto no início deste ano.
A Contribuição para
Financiamento da Seguridade Social (Cofins), por sua vez, arrecadou R$ 210
bilhões em 2015, com queda real de 4,87%, enquanto a Contribuição Social Sobre
o Lucro Líquido (CSLL) registrou arrecadação de R$ 64,44 bilhões no acumulado
de 2015, com recuo real de 13,77%.
Meta fiscal
O fraco
comportamento da arrecadação no último ano, apesar do aumento de tributos
autorizado pelo governo, não facilitou o cumprimento da meta de superávit
primário (a economia para pagar juros da dívida pública e tentar manter sua
trajetória de queda) fixada inicialmente 2015. Por isso, o governo enviou
ofício ao Congresso Nacional para reduzira
meta fiscal.
Em um primeiro
momento, a meta foi fixada pela equipe econômica em R$ 66,3 bilhões para todo o
setor público (governo, estados, municípios e empresas estatais) em 2015. Em
julho, porém, o governo anunciou que a meta foi reduzida para 0,15% do PIB, ou
R$ 8,74 bilhões e, em outubro, anunciou que as contas deverão ter novo rombo
neste ano - de mais R$ 50 bilhões, sem contar as chamadas "pedaladas"
e a eventual frustração de receitas com leilão de hidrelétricas.
O Tesouro Nacional
informou no fim de 2015 que as chamadas pedaladas foram todas quitadas no ano
passado. Com isso, admitiu que o rombo pode se aproximar da marca dos R$ 120
bilhões em 2015.
No ano passado,
além de aumentar tributos, para tentar cumprir a meta fiscal, o governo também
atuou na limitação de benefícios sociais, como o seguro-desemprego, o
auxílio-doença, o abono salarial e a pensão por morte, medidas já aprovadas
pelo Congresso Nacional e sancionadas pela presidente da República. Além disso,
também elevou tributos sobre a folha de pagamentos, com impacto somente em 2016
- revertendo parcialmente a desoneração autorizada nos últimos anos.
O governo também
está atuando do lado da contenção de gastos, principalmente de investimentos.
Em maio, foi anunciado um bloqueio de R$ 69,9 bilhões em recursos do orçamento
de 2015 e, em julho, a equipe econômica informou que foi autorizado um bloqueio
adicional de R$ 8,6 bilhões nos gastos dos ministérios. Para 2016, defende
ainda a retomada da CPMF.
G1
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