O vice-procurador-geral eleitoral, Eugênio Aragão, enviou nesta
terça-feira (1º) parecer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no qual se
posiciona contra o registro do partido Rede Sustentabilidade, com o
qual a ex-senadora Marina Silva pretende disputar as eleições
presidenciais no ano que vem. O julgamento sobre o registro da nova
legenda deve ser realizado pela Corte eleitoral na próxima quinta (3).
Segundo o parecer, o partido só tem 442 mil assinaturas de apoio,
enquanto a lei exige 492 mil. Para o procurador, "constata-se que o ora
requerente não obteve o número mínimo necessário de apoiamentos".
"Há que ser registrado certo pesar pela não obtenção dos apoiamentos
necessários à criação da agremiação em questão. O presente registro de
partido político, ao contrário de outros recentemente apresentados a
essa Corte, não contém qualquer indício de fraude, tendo sido um
procedimento, pelo que se constata dos autos, marcado pela lisura",
destacou o procurador.
Mais cedo nesta terça, Marina afirmou estar "inteiramente confiante" sobre a criação do partido.
O prazo máximo para obter registro a tempo de participar do pleito
vence no sábado (5 de outubro), mas a sessão do TSE para analisar o caso
está marcada para quinta-feira (3). Na segunda, a ministra Laurita Vaz,
corregedora do TSE e relatora do processo da Rede, deu prazo de 24
horas para o MP se manifestar.
Para o procurador eleitoral, "a criação de um partido não se destina à disputa de determinado pleito eleitoral".
"Na verdade, um partido é uma instituição permanente na vida política
da Nação, vocacionada a representar corrente expressiva de cosmovisão e
opinião na sociedade e, como tal, deve participar da história de um
país, do engrandecimento de sua democracia, entre nós tão arduamente
conquistada. Criar o partido com vistas, apenas, a determinado
escrutínio é atitude que o amesquinha, o diminui aos olhos dos
eleitores."
Marina Silva afirma ter 445 mil assinaturas validadas, mas ela quer que
o TSE reconheça a legalidade de outras 95 mil assinaturas que foram
anuladas pelos cartórios eleitorais. Segundo a ex-senadora, não houve
justificativa para a rejeição.
Mas, segundo Aragão, que já havia dado parecer contra o partido, o
registro da Rede "continua sem condições de ser atendido, sem prejuízo
de que o seja em momento posterior, quando inequivocamente comprovados os apoiamentos mínimos exigidos por lei".
Para o procurador eleitoral, não há como cobrar que todos os cartórios informem o motivo da anulação.
"Ocorre que na praxe cartorária, o não reconhecimento de firma não
demanda motivação para tanto. Uma firma deixa de ser reconhecida pelo
simples fato de não haver correspondência entre as assinaturas
confrontadas. Não seria razoável cobrar dos cartórios eleitorais
discriminação individualizada sobre o porquê de cada uma dessas 98.000
assinaturas", afirmou Aragão.
Para o procurador, "provar a autenticidade das assinaturas é ônus do partido e não dos cartórios".
Aragão lembrou que em parecer anterior já havia "manifestado
preocupação" com as assinaturas. Na ocasião, em 20 de setembro, ele
citou que Marina só tinha comprovado 20% do apoio necessário.
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