Três milhões e meio de brasileiros saíram da pobreza e mais de um
milhão deixaram a extrema pobreza em 2012, de acordo com o estudo Duas Décadas de Desigualdade e Pobreza no Brasil,
divulgado nesta terça-feira (1º) pelo Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea). O estudo se baseia na Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (Pnad 2012).
A renda média dos brasileiros cresceu 8% acima da inflação e a
população extremamente pobre caiu de 4,2% em 2011 para 3,6% em 2012. Com
isso, o crescimento médio da renda domiciliar no Brasil no ano passado
superou o Produto Interno Bruto (PIB) per capita chinês, disse o presidente do Ipea, Marcelo Neri, que é também ministro interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE).
“Os dados de 2013 mostram que a aparente estabilidade de 2012 foi
vencida, ou seja, esse freio da desigualdade não veio pra ficar – e isso
já [se] mostra a partir de março de 2013”, avalia Neri.
Desigualdade
Apesar de, no último ano, a desigualdade ficado aparentemente
estável, o país teve avanços no crescimento, na redução da pobreza e na
melhora da educação, afirmou o presidente do Ipea.
O PIB aumentou 0,9% no ano passado, enquanto a renda per capita das
famílias cresceu, em média, 7,9%. “A desigualdade mudou bastante
naquilo que importa, que é o combate à pobreza. A pobreza caiu 16% no
ano passado e metade dessa queda, ou seja 8 pontos percentuais, foi em
função da melhora da desigualdade. Embora o índice de desigualdade tenha
ficado parado, houve um grande aumento na base. Os 5% mais pobres
tiveram um crescimento real por pessoa de 20% num único ano”, comentou
Neri.
A Pnad 2012 também mostra indicadores positivos em relação à desigualdade, acesso a bens duráveis e crescimento da renda per capita da população do país.
Redução da pobreza
Para o ministro, a primeira contribuição para a redução da pobreza e
extrema pobreza se deu em função da renda dos trabalhadores e, em
segundo lugar, aos programas sociais, em especial o Bolsa Família. As
famílias mais pobres, em especial, conseguiram evolução na renda maior
do que a média, 14%, entre os 10% mais pobres da população.
A população extremamente pobre (que vive com menos de US$ 1por dia)
caiu de 7,6 milhões de pessoas para 6,5 milhões. A população pobre (que
vive com entre US$ 1 e US$ 2 por dia), de 19,1 milhões de pessoas para
15,7 milhões.
“O Bolsa Família é a segunda fonte mais importante para a redução da
desigualdade, só perde para a renda do trabalho. No entanto, o grande
mérito dela é que custa pouco. Como ela chega no mais pobre dos pobres,
tem a capacidade de reduzir a pobreza mediante um baixo custo fiscal. A
gente tem observado uma melhora forte na pobreza crônica do Brasil, na
pobreza cultural do Brasil”.
Educação
Quanto à educação, o Pnad 2012 mostrou que, no último ano, a taxa de
analfabetismo se manteve na mesma média, porém “foi o melhor ano de
crescimento da escolaridade média desde 2002”, comentou Neri. Já a
escolaridade média da população ocupada atingiu 8,8 anos em 2012, um
crescimento de 54% em relação à média de 5,7 anos registrada em 1992.
Como causa da estabilidade da taxa de analfabetismo, Neri considerou
que, devido à taxa de mortalidade entre a população idosa ter caído, é
possível que essa faixa etária seja contatada nos dados do documento,
estagnando então a taxa de analfabetismo do Brasil.
“As pessoas têm uma dificuldade, depois de uma certa idade, de
aprender a ler e escrever”, disse o ministro, ressalvando que a notícia
boa é que a população idosa analfabeta tem vivido mais. “Essas pessoas
não saem das estatísticas”.
Segundo Neri, “apesar da estabilização do analfabetismo ter uma
melhora bastante positiva na última Pnad, eu diria que é o melhor ano
dos últimos 20, em termos de desempenho e de quantidade de educação,
apesar da estabilização do analfabetismo”.
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