O secretário americano de Estado, John Kerry, admitiu nesta quinta-feira (31) que os Estados Unidos
'foram longe demais' em alguns casos de espionagem, em meio à polêmica
na Europa por conta das escutas da Agência Nacional de Segurança (NSA)
após informações vazadas pelo ex-consultor de Inteligência Edward Snowden.
"Em alguns casos, sim, se foi além do que é adequado", disse Kerry em
videoconferência a partir de Londres. "Posso garantir que gente inocente
não foi vítima de abuso neste processo, mas há um esforço para tratar
de reunir informação".
Ao lado do ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, o
chefe da diplomacia americana justificou as práticas de Inteligência e
coleta de informações como parte da luta contra o terrorismo e a
prevenção de atentados.
"Nosso presidente está decidido a tentar esclarecer (...) e procede
examinar (estas práticas) para que ninguém se sinta enganado", disse
Kerry sobre os milhares de "grampos" realizados pela NSA, incluindo
contra líderes de importantes aliados dos Estados Unidos, como França e
Alemanha.
Kerry acrescentou que o país tentava, "de forma aleatória", encontrar
vias para determinar se existiam ameaças que exigiam respostas. "Em
alguns casos, reconheço, tanto como o presidente, que algumas destas
ações foram muito longe e vamos garantir que isto não aconteça no
futuro", completou.
Revelações recentes e reportagens sobre a espionagem generalizada praticada pela NSA provocaram tensão entre os dois lados do Atlântico.
A chanceler alemã Angela Merkel reclamou com o presidente Barack Obama
após as notícias de que teve o telefone celular monitorado. Uma
delegação do serviço de inteligência da Alemanha e legisladores da União
Europeia viajaram à capital americana na quarta-feira para discutir o
tema espionagem.
As respostas de Kerry foram enviadas em uma transcrição do Departamento
de Estado. "Muitas, muitas partes do mundo foram objeto de ataques
terroristas". "E, em resposta, os Estados Unidos e outros se uniram -
outros, enfatizo - e perceberam que estamos lidando com um novo mundo,
com pessoas dispostas a explodir elas mesmas", completou.
"Na realidade, evitamos que aviões caíssem, que edifícios fossem
explodidos e que pessoas fossem assassinadas porque fomos capazes de
conhecer seus planos antes", afirmou.
Kerry também criticou as reportagens sobre espionagem baseadas nos vazamentos do ex-consultor da NSA Edward Snowden, refugiado na Rússia e acusado por Washington de espionagem.
"No outro dia foram publicadas notícias nos jornais sobre 70 milhões de
pessoas sendo espionadas. Não foram. Isto não aconteceu", disse. "Há um
grande volume de exagero nestas reportagens", argumentou Kerry.
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