O Comitê de Política
Monetária (Copom) do Banco Central,
formado pelo presidente e diretoria da autoridade monetária, se reúne nesta
quarta-feira (21) e deve subir novamente a taxa básica de juros da economia
brasileira, segundo a expectativa dos economistas do mercado financeiro. A
decisão sobre a taxa Selic sairá na noite desta quarta.
A previsão da maior
parte dos analistas dos bancos é de um aumento de 0,5 ponto percentual, a mesma
intensidade da alta promovida em dezembro do ano passado, o que elevaria os
juros de 11,75% para 12,25% ao ano. Se confirmada, será a maior taxa básica
desde meados de 2011, ou seja, em três anos e meio.
O Banco Central vem
subindo os juros, de forma ininterrupta, desde outubro do ano passado, quando a
taxa Selic estava em 11% ao ano. Desde então, já foram promovidas duas altas na
Selic. Se um novo aumento acontecer nesta quarta-feira, será o terceiro
consecutivo.
Metas de inflação
Pelo sistema de metas de
inflação vigente na economia brasileira, o BC tem de calibrar os juros para
atingir objetivos pré-determinados. Para 2015 e 2016, a meta central de
inflação é de 4,5%, mas o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que
serve de referência, pode oscilar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja
formalmente descumprida.
Nos últimos cinco anos,
porém, a inflação ficou bem distante da meta central de 4,5%, e mais próxima do
teto de 6,5% do sistema de metas brasileiro. Em 2010, 2011, 2012, 2013 e 2014, respectivamente,
a inflação somou 5,91%, 6,50%, 5,84%, 5,91% e 6,41%.
Alexandre Tombini,
presidente do Banco Central, informou, no fim do ano passado, que a inflação
deve retomar a trajetória de convergência para a meta central "ao longo de
2015". Segundo ele, o "horizonte de convergência" com o qual o
BC trabalha "se estende até o final de 2016". O objetivo do BC,
portanto, é entregar a inflação na meta central de 4,5% somente no ano que vem.
Antes de retomar a trajetória de convergência para a meta durante 2015, a
inflação acumulada em doze meses tende a "permanecer elevada",
informou ele em dezembro.
O mercado financeiro,
porém, segue incrédulo. De acordo com estimativas coletadas pelo próprio Banco
Central na semana passada com mais de 100 instituições financeiras, a inflação
deve somar 6,67% neste ano (acima do teto de 6,5% do sistema de metas
brasileiro), 5,7% em 2016, 5,5% em 2017 e 5,2% em 2018 - não atingindo,
portanto, a meta central de 4,5% até o fim do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.
Ajuste fiscal, inflação e recessão
Para o economista da
Gradual Investimentos, André Perfeito, há sinais claros de que há uma
"desaceleração muito forte" na economia brasileira, o que pode jogar
o país, novamente, em uma recessão neste ano (dois trimestres seguidos de queda
do PIB) – conforme já foi registrado em 2014.
Ele avaliou que uma recessão, em 2015, é "bem provável".
"Por isso, estou
achando que vai vir uma alta menor nos juros, de 0,25 ponto percentual [para
12% ao ano]. A gente teve no final do ano passado produção industrial caindo
0,7%, e o IBC-Br [prévia do PIB do BC] zero. E o Caged [Cadastro de Empregados
e Desempregados do Ministério do Trabalho] mostrando destruição de vagas em
termos líquidos. A desaceleração da economia já aponta para o efeito desejado
da alta da taxa de juros, que é bater nos preços livres", avaliou
Perfeito.
Ele disse ainda que o
ajuste nas contas públicas promovido pela nova equipe econômica, com alta de
tributos sobre combustíveis, automóveis, operações de crédito e importados,
além da contenção de gastos por meio da limitação de benefícios previdenciários
e trabalhistas, contribui para diminuir a demanda agregada no futuro - mas
também repercutem na inflação no curto prazo.
"A política
fiscalista que eles estão fazendo, eu não sou a favor deste ponto. Vai afundar
de vez a economia brasileira. Estou prevendo contração de 0,3% para o PIB de
2015. E vai bater na inflação. Estou trabalhando com 6,40% para este ano. Não
acho que passa o teto [de 6,5%] porque a atividade está afundando. Não adianta
nada ter contas fiscais em ordem e demanda no lugar errado. Os empresários
investem porque tem demanda na economia", concluiu ele.
O ministro da Fazenda,
Joaquim Levy, disse nesta segunda-feira (19) que o ajuste das contas públicas
"têm por objetivo aumentar a confiança da economia, a disposição das
pessoas e dos investidores em tomarem risco, e dos empresários em começarem a
tentar novas coisas". Ele acrescentou ainda, na ocasião, que as medidas
tendem a baixar a curva de juros de longo prazo - que serve de base para
captação dos bancos.

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