Apesar de PSB e Rede estarem dispostos a apresentar uma chapa única com o
governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e a ex-senadora Marina Silva
na disputa pela Presidência, o calendário eleitoral de seus aliados está
fora de sintonia.
O comando dos socialistas pressiona e programa para o fim deste mês, ou
no máximo em fevereiro, o anúncio de Marina como vice de Campos.
O governador já convocou reunião com os principais dirigentes do PSB
para o próximo dia 17 com o objetivo de afinar o discurso, resolver
pendências e preparar o anúncio de sua candidatura presidencial, que
deve ser antecipado, segundo confidenciou a interlocutores.
O cenário ideal no entendimento de Campos é ter fechado o nome de Marina
na chapa para fortalecer o ato. A presença dela no encontro, porém, não
está confirmada e integrantes da Rede avaliam que este não é momento
adequado para fazer o anúncio.
"O calendário eleitoral não se sobrepõe às definições programáticas. Essa questão da vice ainda não está colocada", disse à Folha o deputado Walter Feldman (PSB-SP), importante aliado de Marina.
Apesar de resistir em antecipar a definição, a cúpula da Rede aponta
como caminho mais provável a futura formalização da ex-senadora no posto
de candidata a vice.
Antes, porém, será preciso dirimir divergências na formação de palanques
regionais. Um dos principais problemas está em São Paulo.
No Estado, a Rede é contra apoiar a reeleição do governador Geraldo
Alckmin (PSDB), como pretendia o PSB paulista. Os aliados de Marina
defendem chapa própria do PSB com a Rede, que represente "o novo" e seja
uma alternativa à polarização entre petistas e tucanos.
A deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) expressou, de dentro do partido, o incômodo gerado pela aproximação com o PSDB.
Amiga de Marina, ela declarou não haver "coerência política" nas
alianças regionais que o PSB tem fechado para fortalecer a candidatura
de Campos à Presidência.
O vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, defende a antecipação do
anúncio da chapa presidencial para evitar eventuais intrigas entre os
dois grupos políticos. "Não era do nosso interesse antecipar, mas isso é
até mesmo uma vacina, um antídoto".
Amaral negou que as polêmicas sobre alianças regionais estremeçam a
relação do PSB com a Rede. "É preciso encarar a nossa relação como a
relação do PT com o PMDB [aliados no governo federal]. São dois
partidos. Podemos ter candidaturas diferentes nos Estados, já dissemos
isso", afirmou.
Amaral disse ainda que "a Rede dentro do PSB é uma acomodação jurídica" e
não "uma absorção" e que o partido "respeita a identidade da Rede e da
Marina".
Folha de S.Paulo
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